CPI pega leve e diretor do Consórcio Guaicurus diz que lotação é ilusão de ótica. Vai vendo!

Seria cômico, se não fosse trágica a fala do diretor de operações do Consórcio Guaicurus, Paulo Vitor Brito de Oliveira, à CPI do Ônibus aberta pela Câmara Municipal para investigar o transporte coletivo urbano de Campo Grande.

Na maior cara de pau do mundo, ele respondeu, ao ser questionado a respeito da superlotação dos ônibus em Campo Grande, que são realizadas inspeções regulares e que “não foi pego nenhum ônibus com excesso de passageiros”.

“A gente precisa analisar isso porque, às vezes, parece que tem mais gente do que é permitido, mas não tem. A lotação é uma percepção”, afirmou Paulo de Oliveira, ignorando que a superlotação, especialmente em horários de pico, é uma das principais reclamações e denúncias dos passageiros aos canais de denúncia da CPI.

No início do ano, a frota de ônibus em Campo Grande foi reduzida 24,7% em 12 anos de contrato, ao passo que a população aumentou 11,5% no mesmo período. A frota atual é composta por 460 ônibus, sendo 417 em circulação e 40 de reserva.

Segundo o próprio Consórcio Guaicurus, em média, 85 mil campo-grandenses utilizam o transporte público diariamente. Isso daria uma quantidade média de 203 pessoas por veículo, um número muito acima do permitido, que é de 70 passageiros, entre sentados e em pé.

Questionado pelo vereador Junior Coringa (MDB) sobre a condição dos ônibus e manutenção, o diretor do Consórcio Guaicurus afirmou que as empresas cumprem todas as normas estabelecidas pelo poder público concedente e que todos os ônibus saem das garagens aprovados pela vistoria, mas que estragam no meio do caminho devido às condições do percurso.

“Temos muito problema com piso nos ônibus também. A cidade tem um asfalto que não é regular. Os buracos fazem os elevadores pararem de funcionar, essa é uma das causas. Todo elevador quando sai da garagem, sai funcionando, porque o motorista faz um check list do carro antes de sair, ele tem que testar o elevador, ver as luzes, o extintor”, alegou Paulo de Oliveira.

Confrontado pelo vereador Maicon Nogueira (PP) sobre a “coincidência” relatada nas redes sociais do parlamentar, em que a mãe de um cadeirante contou que dois ônibus seguidos da mesma linha estavam com problemas no elevador, o diretor do Consórcio Guaicurus voltou a afirmar que os veículos saem das garagens em “condições de novos”, mas, que eles são danificados durante o trajeto.

“As condições que temos na cidade são péssimas, o asfalto, os galhos que caem das árvores quando chove, os buracos. Nós estamos fazendo o melhor que podemos nas condições que temos”, reforçou Paulo de Oliveira.

Ele também foi confrontado sobre as chamadas “viagens fantasmas”, quando o ônibus está programado para passar pelo ponto ou pelo terminal, mas não o fazem. O diretor disse que essa situação não pode ser chamada, necessariamente, de omissão de viagem.

“Isso pode acontecer e não é necessariamente omissão de viagem. Por exemplo, um veículo que está fazendo uma linha se envolve em um acidente, aquela viagem é interrompida. Dependendo de onde aconteceu, a gente informa no sistema que aquela viagem não vai acontecer”, explicou.

O representante do Consórcio Guaicurus explicou ainda que o tempo de espera até um novo ônibus depende do local onde houve a intercorrência, mas que a substituição do veículo é instantânea do terminal.

“Até sair do terminal e chegar no meio do bairro, por exemplo, vai uma meia hora. É feita a substituição, mas eu não posso deixar a viagem aparecer para o usuário, porque o outro ônibus não vai passar”, justificou Paulo de Oliveira.