No âmbito da “Operação Courrier”, deflagrada no dia 25 de março em Campo Grande, Dourados, Jardim e Jaraguari para cumprir 38 mandados judiciais em busca de provas contra advogados e outros alvos envolvidos com a facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) denunciou três dos quatros advogados alvos da ação, um servidor do Poder Judiciário do Estado e quatro presidiários.
Os oito investigados foram oficialmente denunciados por articularem atentados contra juízes, promotores de Justiça e policiais penais. Eles são acusados de crimes como obstrução à Justiça e violação do sigilo funcional. As ordens para matar juiz e promotor de Justiça de Mato Grosso do Sul, além de magistrados e promotora de Justiça de Minas Gerais, vieram de lideranças da facção criminosa, que atua dentro e fora dos presídios brasileiros.
Os denunciados são o advogado Bruno Ghizzi, que passou de delator a investigado e demonstrou, ao longo das apurações, ser um dos integrantes da chamada “Sintonia dos Gravatas”, grupo de advogados a serviço do PCC, mais atuante no esquema, e as advogadas Paula Tatiane Monezzi e Inaiza Herradon Ferreira, apontadas como as responsáveis por recepcionar e distribuir um das ordens de execução.
O analista judiciário Rodrigo Pereira da Silva Correa também está na lista por atuar no vazamento de informações que tramitavam na 1ª Vara de Execuções Penais enquanto exercia a função de chefe do cartório. Já Ed Carlos Rodrigues Dias, Cristhian Thomas Vieira, Douglas Silva Fonseca e Edimar da Silva Santana são os condenados integrantes do PCC que mantinham contato com os advogados que foram parar na mira do Gaeco.
Para embasar as acusações, detalhadas em 90 páginas, os promotores de Justiça do Gaeco juntaram transcrições de grampos telefônicos, dentre outras provas, como bilhetes interceptados em celas de unidades do sistema carcerário de Campo Grande. Um dos manuscritos fala em “cortar” juízes e promotora de Minas Gerais diante da insatisfação da facção com a atuação dos servidores: “já deu”, enquanto outra mensagem interceptada fala em “cortar árvores e colocar no fogo”.
“(…) restou comprovado que a organização criminosa autodenominada Primeiro Comando da Capital articulou atentados contra autoridades e servidores públicos, sejam do sistema prisional, sejam autoridades oficiantes em processos e investigações de crimes praticados pela facção criminosa. Além disso, foi identificada a participação nos atentados contra a vida desses agentes públicos de integrantes da cúpula do PCC, bem como de advogados que integram o núcleo ‘Sintonia dos Gravatas’, além de servidor do Poder Judiciário cooptado pelo PCC”, resume a denúncia, que contém 381 páginas. Com informações do site Campo Grande News