Com risco de terminar em pizza, CPI do Ônibus já gastou mais de R$100 mil na análise de documentos

Ao apresentar na tarde ontem (23) um balanço da CPI do Ônibus, criada pela Câmara Municipal de Campo Grande para investigar o transporte coletivo urbano do município, o presidente, vereador Dr. Livio (União Brasil), deixou transparecer que a investigação deve, como tantas outras, terminar em “pizza”.

Com a pretensão de mostrar isenção, o presidente da Casa de Leis, vereador Papy (PSDB), acabou revelando uma informação que corrobora ainda mais a perda de tempo que está sendo a CPI do Ônibus.

Em uma das declarações, ele afirmou que já foram investidos mais de R$ 100 mil na CPI, através da contratação de um escritório jurídico para fazer os levantamentos e análises de contabilidade dos documentos apresentados nas oitivas, ou seja, dinheiro que saiu do bolso do contribuinte que paga impostos.

“São milhares de páginas contábeis a serem analisadas para o fechamento do relatório, então nós contratamos um escritório de advocacia e um escritório de contabilidade para auxiliar a CPI nesse relatório final. É um pagamento só, um trabalho que vai ajudar a CPI a fechar o relatório”, justificou Papy.

Para espanto de zero pessoas, os vereadores não forneceram o nome dos escritórios contratados, mas ressaltaram que já estão trabalhando nos requerimentos e detalhamentos dos documentos para o relatório.

Sobre uma nova oitiva para ouvir o presidente do Consórcio Guaicurus, Paulo Constantino, que não compareceu na semana passada para ser ouvido em razão de um atestado oftalmológico, o vereador Dr. Lívio reforçou que ele será chamado “se houver necessidade”.

“Nesse momento, como a gente tem um programa fechado de execução, a gente não vê, nesse momento, a importância desse depoimento. Havendo a necessidade, a gente vai convocá-lo, mas no primeiro momento, não. Nós não descartamos. Mas o depoimento do diretor Leonardo foi bastante efetivo para tirar algumas dúvidas. Estamos com dados novos fornecidos pelo diretor, então a gente não vê a necessidade de uma convocação eminente”, tentou justificar o presidente da CPI.

Ele também ressaltou que os efeitos práticos da CPI não serão vistos de imediato, mas que as movimentações já estão sendo feitas. “Quando você ouve o diretor do consórcio, que ficou 10 anos à frente, dizer que a fiscalização aumentou em cima dele desde que a CPI foi instaurada, isso já é um ganho prático. Quando você vê as agências se movimentando também para melhorar seus processos, que as multas em cima do Consórcio foram aplicadas, isso é um resultado prático”, afirmou.

O vereador também alegou que a Câmara fará “tudo o que está ao nosso alcance para forçar que isso aconteça de maneira efetiva e legal, criando caminhos e soluções”. Papy colocou que uma das alternativas para a resolução do grande problema do transporte público pode ser a criação de um “grande acordo”, envolvendo as bancadas estaduais e federais, além da criação de um fundo de custeio, que possa destinar dinheiro todo mês para o transporte público de Campo Grande.

“Independentemente de quem é o culpado, independentemente de quem é o prefeito lá na frente, é um mecanismo novo. Com dinheiro vinculado, é o melhor jeito. Se alguém for prefeito hoje ou amanhã, você tem um recurso garantido com a finalidade específica”, finalizou o presidente da Câmara Municipal sem mostrar nada de prático obtido pela CPI dos Ônibus nos 120 dias de “investigações”.