Com “monstros latrocidas” à solta por aí, taxistas e motoristas de aplicativos vivem no ‘fio da navalha’

Luciano Barbosa, taxista morto e seu corpo sendo retirado do matagal. Stefanie Prado que ajudou matar e Rayara da Silva que emprestou o celular para chamada

O latrocínio (roubo seguido de morte) do taxista Luciano Barbosa, 44 anos, ocorrido na noite de sábado (25) no Jardim Carioca, em Campo Grande (MS), mostra o risco da profissão na cidade e revela que, tanto eles, quanto os motoristas de aplicativos, estão vivendo sobre o “fio da navalha” para conseguir ganhar dinheiro honestamente.

O medo em cada chamada de corrida transforma a atividade em uma das mais estressantes neste momento de pandemia do novo coronavírus (Covid-19). Sem poder recusar a corrida, já que o número de passageiros diminuiu sensivelmente, os motoristas são obrigados a aceitar as chamadas, mesmo sabendo do risco.

Esse foi o caso de Luciano Barbosa e, felizmente, o mesmo aparelho que o levou para a morte, também ajudou a Polícia a encontrar e prender os culpados. O chamado de aplicativo no celular de um dos suspeitos denunciou os envolvidos no latrocínio.

Por meio dele, foram presos Rayara Laura da Silva Santos, 19 anos, e Stefanie Paula Prado de Oliveira, 21 anos, e apreendido o namorado de Stefanie, um adolescente de apenas 17 anos de idade. Conforme a Polícia, depois de receberem várias denúncias, os policiais chegaram nos três suspeitos e dois deles acabaram confessando que na noite de sábado (25) tinham ido ao Shopping Campo Grande.

No celular de Stefanie, foi encontrada a solicitação do chamado do táxi da vítima às 23h33 – do Shopping Campo Grande ao Jardim Carioca. Stefanie contou aos policiais que enquanto aguardava no ponto de ônibus do shopping foi abordada por um casal perguntando se ela tinha aplicativo de táxi e pediu para solicitar uma corrida, afirmando que não conhecia os dois.

Versão que foi desmentida pelos próprios comparsas, pois os três moram juntos. Os suspeitos, então, foram levados para a delegacia. Enquanto eram ouvidos pela a Polícia, equipe do Batalhão de Choque localizou na casa do trio a arma utilizada no latrocínio, dentro de uma máquina de lavar roupas.

Sem ter para onde correr, o adolescente acabou confessando que tinha cometido o roubo seguido de morte. Contou que na noite do crime saiu com Stefanie para roubar um veículo e vender por R$ 12 mil no Paraguai. Eles, então, ligaram para Rayara e pediram para ela instalar o aplicativo no celular e utilizar o seu cadastro para solicitar uma corrida. Rayara fez o chamado da casa dela onde morava com os outros dois comparsas.

Quando o taxista chegou, Stefanie sentou no banco da frente e o adolescente, no de trás. Durante o trajeto para o Jardim Carioca, o ladrão anunciou o assalto. A vítima, então, reagiu e acabou atingida com um tiro. Na sequência, o casal fugiu levando o carro, mas acabou abandonado o veículo no Bairro Guanandi. Por fim, na manhã de domingo, o carro foi localizado, mas em outro local, no Santa Emília.