Graças ao apoio do Governo do Estado, por meio do governador Eduardo Riedel, basta uma ida aos supermercados para verificar como a agroindústria de transformação está presente na vida dos sul-mato-grossenses. Os rótulos dos produtos já revelam que foi fabricado em alguma cidade de Mato Grosso do Sul.
Segundo dados da Fiems, aproximadamente 85% do PIB da Indústria de Transformação sul-mato-grossense está diretamente ligado à agroindústria, com maior destaque para os frigoríficos, fabricação de celulose e papel, fabricação de açúcar e etanol e do processamento da soja e do milho.
A projeção para os próximos 5 a 10 anos é que estes segmentos se mantenham com elevada participação na riqueza total produzida pela indústria estadual, especialmente por conta dos investimentos bilionários anunciados e já em execução para a ampliação da produção e construção de novas fábricas no Estado.
O economista Ezequiel Resende, da Fiems, informa que a perspectiva é que a parceria estabelecida entre a Federação das Indústrias e o Governo do Estado incremente o adensamento destas cadeias produtivas, agregando valor aos produtos e desta maneira a Agroindústria de Transformação se consolide como vetor de crescimento econômico e social, gerando mais empregos e renda, especialmente nos municípios do interior do Estado.
Ainda segundo o economista, a agroindústria de transformação de Mato Grosso do Sul conta atualmente com mais de 75 mil trabalhadores formais diretamente empregados, proporcionando só com o pagamento de salários a injeção mensal de mais de R$ 200 milhões na economia estadual.
O secretário da Semadesc (Secretaria de Meio Ambiente, Desenvolvimento, Ciência, Tecnologia e Inovação), Jaime Verruck, confirma esta projeção do setor e acrescenta que Mato Grosso do Sul tem apresentado crescimento do PIB acima da média nacional nos últimos oitos anos. Para 2023, a perspectiva de crescimento do PIB gira em torno de 5,3%.
Segundo o secretário, o forte desempenho é resultante do equilíbrio fiscal, ou seja, da capacidade de investimentos do Governo em obras públicas e também do setor privado. Isso tudo cria um ambiente de negócio com capacidade de captar novos investimentos na área industrial, gerando a transformação da economia sul-mato-grossense e da sua principal base produtiva, o agronegócio.
A outra força motriz, de acordo Verruck, é a capacidade de exportação com produtos que sofrem alguma transformação. De acordo com ele, Mato Grosso do Sul já é um estado exportador agroindustrial, com níveis de competitividade adequados no processo produtivo e, quando se olha o painel de investimentos, com previsão de R$ 60 bilhões já iniciados e programados, percebesse que está baseado na agregação de valor das matérias-primas locais.
Ele acrescentou que há investimentos na base florestal, produção de celulose, que é produto agroindustrial exportado, assim acontece com a soja, produzindo dois grandes produtos agroindustriais: o farelo e o óleo. Isso acontece também com o etanol de milho.
De acordo com o secretário, dessa forma o Estado mostra sua competitividade de atingir novos mercados na estrutura de produção. A curto prazo, Mato Grosso do Sul vai continuar atraindo novos investimentos com o aumento da sua produção agrícola e mais capacidade de consumo interno. A tendência é o encadeamento produtivo.
Ainda na avaliação do secretário, a Rota Bioceânica vai contribuir para a expansão da economia. “A rota é um caminho mais barato para a chegada no mercado consumidor asiático”.
Cases de Sucesso
A empresa Donana Alimentos, instalada no Trevo da Bandeira, em Dourados, é uma das empresas que usa matéria-prima produzida no Estado para elaborar cerca de 280 produtos do seu portfólio. O encarregado administrativo da empresa, Sergio Hoffmann, informa que tem bastante insumos adquiridos no estado, entre eles, o milho granel, farinha de mandioca, farinha biju, tapioca, fécula de mandioca, girassol e feijão preto.
O produto carro-chefe da empresa é a pipoca, cuja matéria-prima é selecionada com todo carinho, medindo a qualidade da expansão e a umidade, garantindo um produto de extrema qualidade. De acordo com o encarregado, as vendas se mostram bem positivas, com abertura de novos clientes atacadistas.
A expectativa é que com a nova fábrica, que está em construção, a Donana consiga alcançar vendas em mais estados. Criada em 1979 pelas mãos do cearense Antônio Barbosa de Lucena, a Donana conta hoje com 210 funcionários e possui sua própria logística para atender todo Mato Grosso do Sul. A indústria douradense produz molho shoyu, ketchup, maionese, atomatados, tempero completo e especiarias, totalizando 900 toneladas por mês.
A Imbaúba Laticínios também trilhou um caminho semelhante, de perseverança e foco na qualidade dos produtos, como conta a diretora administrativa-financeira, Silvana Gasparini Pereira. Ela revelou que a matéria-prima é exclusivamente o leite in natura, captado em todo o Estado. São mais de 500 produtores entre pequenos, médios e grandes, vindos também de cooperativas e assentamentos.
Silvana explica que entre a safra e entressafra, a captação é em média de 50 a 60 mil litros/dia. A produção fica em Bandeirantes (filial), a 60 Km de Campo Grande, onde se localiza a matriz da empresa. Neste ano, foi automatizado todo o processo de fabricação da muçarela, com investimento no soro concentrado, pois esse produto tem sido cada vez mais valorizado por ser bastante usado na produção de sorvetes, leite em pó, whey, bolachas, biscoitos, chocolates e tantos outros.
O produto carro-chefe da Imbaúba é a muçarela, com três apresentações (em barra, fatiada e ralada). Mas, a empresa produz outros 15 produtos: leite pasteurizado homogeneizado, doce de leite tradicional e com chocolate, manteiga com sal e sem sal, nata, creme de leite, bebidas lácteas (vários sabores), coalhada em garrafas, queijo minas frescal, ricota, queijo coalho em barra ou fracionado, requeijão cremoso e culinário e soro concentrado.
Hoje, os produtos do laticínio vão além do Estado, chegando ao Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso, Acre, Tocantins e Rondônia. A iniciativa de construir um laticínio veio do agrônomo Edgar Rodrigues Pereira, como uma tentativa de agregar valor ao leite in natura produzido em sua fazenda, recebido em herança de seu pai.
A empresa já foi premiada três vezes no Concurso Nacional de Lácteos (Expolac), de Juiz de Fora (MG), sendo duas vezes com o doce de leite e uma com o queijo parmesão. E em 2003, recebeu o Prêmio Finep de inovação, na região Centro-Oeste, com um software com banco de dados sobre pagamento vinculado a quantidade e qualidade do leite recebido, de forma individualizada.