A Polícia Paraguaia realizou buscas na luxuosa mansão que o doleiro brasileiro Dario Messer tem no exclusivo condomínio Paraná Country Club, localizado na cidade paraguaia de Hernandarias, na fronteira com o Brasil. Ele está foragido da Justiça brasileira depois de ser apontado como suspeito de comandar um esquema de envio ilegal de dinheiro para o exterior, investigado pela Lava Jato, e, ontem (4), a Justiça do Paraguai determinou a sua prisão.
Segundo as autoridades paraguaias, Dario Messer, que é considerado como um “irmão” pelo presidente do Paraguai, Horacio Cartes, esteve no local dois dias antes da deflagração da “Operação Câmbio, Desligo”, pela Polícia Federal do Brasil, e depois teria indo para o Uruguai, segundo Ana Krebser, jornalista que está investigando o caso. A realização das buscas na casa do brasileiro foi autorizada pelo juiz criminal de garantias do Paraguai, Miguel Tadeo Fernandez, que também ordenou a detenção provisória do brasileiro após receber uma solicitação da 7ª Vara Federal do Estado do Rio de Janeiro.
O Ministério Público do Brasil informou que o esquema de suposta lavagem de dinheiro e evasão de capital liderado por Dario Messer, o “irmão de alma” de Horacio Cartes, permitiu o financiamento de vários outros crimes, entre eles o tráfico de drogas. A operação, chamada “Câmbio, Desligo”, prevê a captura de mais de 100 pessoas dentro do esquema em que Messer é a peça chave.
A alegada lavagem e evasão ocorreram por meio de casas de câmbio e cambistas há 20 ou 30 anos. Fala-se de um desfalque de mais de R$ 7 bilhões, incluindo fundos públicos. A acusação concentra-se em dados obtidos através de declarações de pessoas que confessaram ter cometido os atos de corrupção para obterem a redução da sua sentença. O empresário tem pelo menos uma conexão com cinco contas bancárias com o presidente Horacio Cartes.
Entenda o caso
Dario Dasser é brasileiro, mas se naturalizou paraguaio e é amigo íntimo do presidente Horacio Cartes. “Irmão de alma”, é assim que o presidente do Paraguai se refere a ele, que herdou os negócios do pai. O “doleiro dos doleiros” ganhou esse apelido de Alberto Youssef, um dos principais operadores do esquema de corrupção na Petrobras.
Há 30 anos, Messer é investigado por lavar dinheiro para empresários e políticos. Segundo os procuradores, nas décadas de 1980 e 90 ele trabalhou, por exemplo, para Paulo César Farias, e foi investigado no escândalo dos precatórios. Propinoduto, no Rio – fiscais estaduais foram acusados de enviar US$ 33 milhões para o exterior. Banestado, no Paraná – milhões de dólares também transferidos ilegalmente para fora do país.
No mensalão, a Polícia Federal apontou Messer como o responsável por enviar US$ 1 bilhão para o exterior e depois entregar o valor equivalente em reais, no Banco Rural, para integrantes do PT. A acusação veio do doleiro Toninho da Barcelona. Em 2009, Messer chegou a ter a prisão decretada. A operação prendeu envolvidos na lavagem de dinheiro destinado à fabricação do coquetel anti-HIV.
O Conselho de Controle de Atividades Financeiras, o Coaf, expediu pelo menos cinco relatórios que atestavam transações financeiras suspeitas de Messer entre 2010 e 2015. Na cobertura de Messer de frente para o mar, no Rio de Janeiro, a Polícia Federal encontrou na quinta-feira (3) centenas de joias, que estavam escondidas no banheiro, além de 39 obras de artistas como Di Cavalcanti. Em uma delas, há uma dedicatória do pintor para o pai de Dario Messer.
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