Os promotores de Justiça Liliana Alcaraz e Hernan Galeano deram uma batida no escritório de contadores que criaram a maioria das empresas do doleiro brasileiro Dario Messer, o “irmão espiritual” do presidente da República do Paraguai, Horacio Cartes, usadas para a lavagem de dinheiro.
A intervenção foi realizada em um prédio localizado na Avenida Osvaldo Tischler esquina com a Rua Aviadores del Chaco, no Bairro Hohenau, no Departamento de Itapúa, onde funciona o escritório de contabilidade Cáceres & Schneider, de Alcides Cáceres e Ricardo Schneider.
O escritório administra há anos negócios imobiliários e de venda de ações, sendo um dos mais poderosos economicamente na região. Os promotores apreenderam documentos referentes às compras das empresas Chai S/A, Matrix, Pegasus e Gramonte, as quatro do doleiro brasileiro Dario Messer.
Segundo as investigações do Ministério Público do Paraguai, o escritório de contabilidade de Ricardo Schneider Becker e Alcides Cáceres Duarte teria criado essas quatro empresas e depois vendido para o doleiro procurado pela Justiça do Brasil pelo crime de lavagem de dinheiro.
Curiosamente, várias empresas compradas por Dario Messer voltavam a ser vendidas à mesma empresa de contabilidade, que depois tornava a vendê-las ao doleiro brasileiro que está foragido. O truque era que, a cada venda, o capital social das empresas aumentava, um sinal inequívoco de lavagem de dinheiro.
Alcides Cáceres aparece como diretor, presidente e até acionista de pelo menos cerca de 31 empresas, na sua maioria relacionados às atividades agrícola e pecuária nos departamentos de Alto Paraná (Ciudad del Este, Santa Rita, Naranjal, San Alberto, Hernandarias e outros) e Itapua (Carmen del Paraná e Hohenau).
Enquanto Ricardo Schneider aparece como diretor, presidente e acionista de pelo menos 60 empresas que incluem fazendas, estabelecimentos agropecuários também na região de Alto Paraná e Itapúa.
Os dois “conselheiros” têm sua sede em Hohenau e também escritórios no Edifício Paraquaria, em Hernandarias, onde estão instalados os escritórios de Messer e de suas empresas Chai S/A, Matrix e Pegasus. As investigações apontam que os dois contadores não apenas forneceram consultoria contábil, mas também se dedicaram à formação e venda de empresas para o doleiro.
Com a ajuda dos dois, Dario Messer montou um esquema de lavagem de dinheiro através da compra de ações, negociação e aquisição de bens, incluindo um avião avaliado em mais de US$ 500 mil, sendo que esses bens foram obtidos a partir de atos criminosos e subornos no Paraguai e no Brasil. O fugitivo Dario Messer, cujo pedido de extradição do Paraguai já foi feito pela Justiça brasileira, movimentou, nada menos do que US$ 41 milhões, de uma conta do Banco Nacional de Desenvolvimento (BNF) em nome da empresa Chai S/A.