Caso Sophia: advogado de padrasto discute com juiz e é expulso de plenário

O advogado Willer Almeida, que defende Christian Campoçano Leitheim, padrasto acusado de estuprar e matar a enteada Sophia Ocampo, de 2 anos, foi retirado sob escolta de plenário do Tribunal do Júri, no Fórum de Campo Grande, após bate-boca com o juiz Carlos Alberto Garcete, que presidia na tarde de ontem (19) mais uma audiência do caso que abalou a Capital.

 

A discussão começou quando Willer Almeida decidiu servir um copo com água para uma testemunha que chorava muito durante o depoimento. Carlos Garcete já estava irritado com a defesa do padrasto e, antes da discussão, deu “chega para lá” em Pablo Gusmão, que fez interferências nas perguntas de Camila Garcia de Rezende, advogada de Stephanie de Jesus da Silva, 24, a mãe de Sophia Ocampo, também acusada de assassinato.

 

O juiz disse a Pablo Gusmão que sabia quando um advogado estava sendo tendencioso e que faria as interrupções necessárias. Logo depois, quando uma amiga de Stephanie da Silva passou a depor, aconteceu a briga. Em determinado momento, a moça se emocionou e retirou o microfone da frente do rosto para chorar.

 

Willer Almeida levantou-se e colocou um copo de água na frente da jovem, mas, Carlos Garcete se irritou e disse que não havia autorizado o “consolo”. “Pode retirar, não autorizei o senhor. Não está aqui para servir água para as pessoas, aqui o senhor é advogado”, declarou.

 

O advogado, contudo, não obedeceu a ordem e justificou que a moça estava em um momento de emoção, iniciando o bate-boca. “O que eu vou fazer, se eu vou fazer trabalho de advogado, se eu vou fazer trabalho de serviçal ou se eu vou limpar o chão, não diz respeito ao senhor”, disse Willer Almeida.

 

“O senhor está completamente enganado. Aqui dentro, o senhor só faz serviço de advogado. Do contrário, o senhor é retirado daqui”, respondeu o magistrado. “O senhor pode retirar, pode fazer o que o senhor quiser”, retrucou o advogado. “Por favor, retire esse advogado!”, ordenou Carlos Garcete para o policial militar que fazia a segurança da audiência.

 

Pablo Gusmão acionou a Comissão de Defesa das Prerrogativas da OAB-MS (Ordem dos Advogados do Brasil em Mato Grosso do Sul) para defender o colega e considerou a atitude do juiz como abuso de autoridade. Já Carlos Garcete suspendeu as oitivas. Nesta sexta-feira (19), seriam inquiridas testemunhas de acusação, de defesa e se houvesse tempo, os réus seriam interrogados em juízo.