O casal formado pelo deputado estadual Pedro Caravina (PSDB) e pela prefeita de Bataguassu, Wanderlei Caravina (PSDB), resolveu virar ambientalista de olho nos R$ 128 milhões que a fábrica de celulose da Bracell vai investir no município administrado pela dupla.
Conforme a legislação estadual, no caso de indústrias de celulose, 0,8% do valor do investimento deve ser destinado em alguma Unidade de Conservação de Proteção Integral, de preferência no município onde está sendo construído o empreendimento potencialmente poluidor.
Porém, o município de Bataguassu não tem nenhuma área de preservação desta categoria e, por isso, existe a possibilidade de que todo este recurso possa acabar sendo investido em outros municípios vizinhos.
Neste caso, a área de preservação mais próxima fica nos municípios de Naviraí e Itaquiraí, onde está o Parque Estadual das Várzeas do Rio Ivinhema. Porém o ex-delegado e a esposa prefeita estão correndo contra o tempo para criar uma Unidade de Proteção e assim garantir a bolada da Bracell.
A repentina conversão do casal Caravina à causa ambientalista ocorreu na noite de quinta-feira (29) durante audiência pública em que representantes da Bracell apresentaram à comunidade local os prováveis impactos que a fábrica de celulose trará à região.
Embora não estivesse na mesa de convidados quando a assunto veio à tona por meio de uma indagação de Rui Espíndola Barbosa, que foi adversário de Wanderleia na última disputa pela prefeitura de Bataguassu, o casal fez questão de se manifestar do meio da plateia para garantir que uma unidade de conservação será criada a tempo de manter o dinheiro no município.
Conforme André Bogo, diretor da Bracell responsável pela provável instalação da fábrica, os impactos ambientais negativos serão insignificantes. Na audiência pública ele garantiu que não haverá impactos sobre a qualidade da água do Rio Paraná, a empresa não emitirá odores, fuligem ou ruídos que possam afetar a vida de ribeirinhos ou dos moradores de Bataguassu.
Mas, caso Bataguassu perca parcela dos R$ 128 milhões destinados às compensações ambientais, mesmo assim o poder público terá muito a ganhar com o empreendimento.
Em Lençóis Paulista (SP), a empresa tem uma fábrica semelhante à que está prevista para Bataguassu e lá, segundo André Bogo, a arrecadação de impostos aumentou em nada menos que 350%, já que antes mesmo do começo das obras já aumentava a circulação de recursos financeiros no município.
Ainda de acordo com André Bogo, a previsão é de que a população de Bataguassu aumente entre 18% e 25% nos próximos dez anos, caso a fábrica realmente saia do papel. Hoje são em torno de 24 mil habitantes e a previsão é de que esse número salte para 30 até 2035.
Essa explosão demográfica vai ocorrer, acredita ele, mesmo que cerca de 35% dos dois mil funcionários que a Bracell vai contratar para operar a indústria sejam moradores do próprio município, conforme ele prevê. Com informações do Correio do Estado