O capitão PM Felipe dos Santos Joseph, que foi preso na quinta-feira (8) após bater boca com um coronel PM, cujo nome não foi revelado, e denunciou homofobia dentro da corporação, já tinha informado ao Comando-Geral outros dois casos em que foi vítima de preconceito devido à sua orientação sexual por colegas de farda. De acordo com o site Midiamax, em uma das situações, ele teria ouvido que “tinha Aids” por ser homossexual e, na segunda ofensa, teria sido alvo de “brincadeiras” em razão de seu corte de cabelo, de forma preconceituosa.
Segundo o advogado de defesa do capitão PM, Anderson Yukio, as duas denúncias foram feitas apenas à Corregedoria da PM, sendo que as datas não foram informadas pela defesa. Contudo, a ofensa feita pelo coronel PM que o prendeu teria sido a “gota d’água” para levar a denúncia ao MPM (Ministério Público Militar). Ainda conforme o advogado, após as primeiras ofensas, o cliente teria ficado “mais introspectivo” e evitava conversar com seus colegas de corporação.
A defesa relatou que não foi aberto nenhum processo administrativo contra o capitão após o suposto descumprimento da ordem na última quinta-feira. A prisão ocorreu durante uma reunião em que mais dois militares foram convidados a participar, sendo que Felipe dos Santos Joseph tinha afirmado que não falaria de nada que fosse além do trabalho. O advogado disse que o seu cliente não deu as costas para o superior quando recebeu a voz de prisão por insubordinação.
Ele nem teria chegado a levantar da cadeira quando o coronel PM mandou prendê-lo. O capitão PM tinha feito uma denúncia junto ao MPM contra seu superior pelo crime de homofobia e, de acordo com o advogado, mesmo com o caso em segredo, tinham boatos na seção onde o militar trabalhava sobre a denúncia, o que teria provocado a reunião com o coronel.
Em seu relato, o capitão disse que se sentia extremamente constrangido por relatar a sua vida pessoal e que jamais pretendeu enfrentar um processo tão grande de exposição, já que, durante a reunião, o superior queria falar sobre assuntos relativos à vida pessoal dele. Já em seu relato, o coronel alvo da denúncia disse acreditar que o capitão era heterossexual, já que tinha conhecimento que ele havia sido casado com uma mulher e nunca havia ouvido no ambiente de trabalho alguém comentar sobre a sua orientação sexual.
Um áudio, que havia circulado em WhatsApp, pejorativo contra homossexuais no grupo da Polícia Militar teria sido o gatilho para que o capitão fizesse a denúncia junto ao MPM. Em contato com a assessoria de comunicação da PM, foi informado ao Jornal Midiamax que será feito um pedido para se ter acesso a essa denúncia feita pelo capitão junto ao MPM e que o caso será investigado. De acordo com a assessoria, não havia conhecimento de que uma denúncia pelo crime de homofobia havia sido feita.
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