Câmara vive dia de trabalho, enquanto vereador ‘se joga na fantasia’. E você eleitor paga essa conta!

O carnaval costuma exercer um certo fascínio em determinadas figuras públicas de Campo Grande, o que acaba gerando problemas para elas. Quem não se lembra do caso do colunista social Dácio Corrêa Piedade, que, em fevereiro de 2017, horas depois de ter sido nomeado para coordenar o Centro de Múltiplo Uso “Picolé”, subordinado à Secretaria Municipal de Assistência Social, embarcou para a cidade do Rio de Janeiro (RJ), onde foi aproveitar os festejos de Momo.

Neste ano, a bola da vez dos que se deixam seduzir pelos encantos da folia é o vereador Valdir Gomes (PP), que preside a Comissão Permanente de Educação da Câmara de Vereadores da Capital. Enquanto os seus pares aprovavam, na sessão ordinária desta quinta-feira (20), em primeira discussão, o Projeto de Lei 9.463/19, que institui o Programa Municipal de Conscientização e Combate à Violência contra Crianças e Adolescentes, Valdir Gomes estava em Corumbá (MS) curtindo o carnaval local.

Para quem não se lembra, Valdir Gomes é carnavalesco, foi secretário municipal na gestão do ex-prefeito Gilmar Olarte, presidente do Sisem (Sindicato dos Servidores Municipais de Campo Grande) e teve outros dois mandatos de vereador. Além disso, ele tem ainda o título de hors-concours nos concursos de fantasia carnavalesca na Capital e, portanto, não perde uma oportunidade de curtir o carnaval.

Até aí tudo bem, afinal, todos nós somos filhos de Deus. Porém, Valdir Gomes é vereador e, como tal, deve satisfação à população campo-grandense que o elegeu para representá-la na Casa de Leis. No entanto, em plena sessão ordinária, o “nobre” parlamentar estava em Corumbá e, até, concedeu uma entrevista para o MSTV 2ª Edição, da TV Morena, afiliada da Rede Globo no Estado, sem o menor constrangimento de estar cabulando a sessão.

Será que o vereador Valdir Gomes terá descontado da seu “gordo” salário o dia em que se jogou na folia na cidade de Corumbá, enquanto deveria estar participando da sessão da Câmara de Vereadores de Campo Grande? Essa pergunta somente o presidente da Casa de Leis, vereador João Rocha, vai poder responder depois que acabar o recesso de carnaval.

A carne é fraca

Carnaval e Valdir Gomes não é uma combinação muito saudável para os cofres públicos. Em 2015, o vereador já teve problemas em decorrência da festa pagã. O “nobre” parlamentar confessou fraude na folha de ponto de uma funcionária do tempo em que era coordenador do Centro de Convivência do Idoso “Vovó Ziza”, na gestão do ex-prefeito Gilmar Olarte, para que a servidora fosse pular carnaval no Rio de Janeiro (RJ) ao invés de cumprir expediente no órgão público.

Descoberta a falcatrua do ex-gestor público e agora vereador, só restou a Valdir Neves fazer acordo com o Ministério Público Estadual e aceitar pagar multa civil para uma entidade filantrópica. O caso, conforme o site O Jacaré, foi investigado pelo promotor de Justiça Marcos Alex Vera de Oliveira, que deve ter ficado surpreso com o desfecho da denúncia.

Valdir Gomes e Maria Eufrásia Siqueira, funcionária municipal, foram denunciados por imitar o colunista social Dácio Corrêa, que pretendia receber salário de R$ 8 mil, mesmo faltando ao serviço para pular o Carnaval na cidade maravilhosa. Maria viajou ao Rio de Janeiro para fins particulares nos dias 19 e 20 de junho de 2015. Na época, nomeado por Gilmar Olarte, Gomes era o coordenador do Centro de Convivência do Idoso “Vovó Ziza”. O problema é que mesmo em viagem, ela assinou a folha de pontos. Valdir Gomes achou que ninguém ia descobrir a fraude e atestou a presença da funcionária.

Só que o caso foi denunciado e o MPE conseguiu comprovar que Maria Eufrásia viajou ao Rio em horário de expediente. E pior, mentiu que cumpriu o expediente normalmente. Ela e o vereador admitiram os crimes de improbidade administrativa e falsidade ideológica. Marcos Alex propôs termo de acordo extrajudicial, que foi aceito por ambos.

O vereador concordou em pagar multa civil de R$ 4.309,86, que serão parcelados em dez meses e repassados para a Orionópolis – Cotolengo Sul-mato-grossense, entidade católica que atende crianças, com paralisia cerebral grave, vindas de famílias carentes. Maria Eufrásia vai repassar R$ 1,5 mil à mesma instituição e também em 10 parcelas. Os dois terão os nomes inscritos no Cadastro Nacional de Condenados por Improbidade Administrativa.