Brasileiro ligado ao PCC e ladrão do carro forte tem fazenda confiscada na Bolívia. É o mínimo, né?

Enquanto a Polícia Federal de Corumbá resume-se a “monitorar” a entrada ou não dos ladrões que assaltaram um carro-forte da Brinks na Bolívia e levaram US$ 1,3 milhão, a Justiça do país vizinho confiscou a fazenda do brasileiro Mariano Tardelli, ligado à facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) e suspeito de envolvimento no assalto.

A propriedade, localizada em Santa Ana del Chiquito, a menos de 150 quilômetros da fronteira com o Brasil, por Corumbá, foi usada como trincheira por pelo menos nove dos 12 envolvidos no assalto milionário, na região de Roboré. Imóveis instalados na zona rural da faixa de fronteira boliviana são usados de forma estratégica pelo crime organizado, tanto como base operacional quanto como depósito de cocaína enviada ao Brasil via Mato Grosso do Sul.

Ações policiais comprovam isso, como, por exemplo, a quadrilha de traficantes internacionais desmontada pela Federal durante a Operação Nevada, em junho do ano passado, que tinha uma chácara na região. Já o grupo liderado por Gérson Palermo, desarticulado pela PF na semana passada com a operação All In, tinha intenções de comprar uma fazenda com pista de pouso no Pantanal, para facilitar a importação de droga por avião.

Na propriedade de Mariano, peritos apreenderam, após o confronto, cápsulas de fuzil calibre 7,62 de uso militar, cartões bancários, chips telefônicos, documentos e uma caminhonete. Os caseiros, identificados como Adalid Renan Surubí, 23 anos, e Lorenzo Antonio Surubí, 32 anos, são funcionários do brasileiro e foram presos, juntamente com Juan Andrés Vargas, 53 anos, dono da caminhonete apreendida no imóvel e que teria sido usada para dar transporte aos criminosos.

Além da apreensão da fazenda, a Justiça emitiu ordem para prisão de Mariano que, anteriormente, teria sido intimado a prestar esclarecimentos por suspeita de participação, mesmo que indireta, no roubo. “Não descartamos que possa existir ligação”, disse ao “El Deber” o promotor de Justiça Freddy Larrea, do Departamento de Santa Cruz de La Sierra, estado onde ocorreram os fatos.

A suspeita da Justiça se baseia na conexão de Mariano com o PCC, já indiciado por tráfico no Brasil, bem como o fato de haver membros da facção investigados pela execução do crime. “Vamos nos mover e buscar mais terreno. Sabemos que os criminosos estão bem armados, mas nós temos boa vontade e armamentos que nos permitem revidar”, pontuou Érick Never, subcomandante da Polícia Nacional, um dos envolvidos nas investigações.