Os quatro brasileiros detidos na quinta-feira (12/01), em Pedro Juan Caballero, na fronteira seca do Paraguai com o Brasil, são membros da facção criminosa identificada como “Bala na Cara”, que opera na área de Porto Alegre (RS). Eles são acusados de serem os responsáveis pelo assassinato do casal de brasileiros Paulo Jacques Silveira, 41 anos, e Millena Soares Bandeira, 26 anos, que ocorreu no dia 2 de janeiro deste ano, em Assunção, capital do Paraguai.
Identificados como Gabriel Ferreira Santos, Leandro Lucas de Oliveira dos Santos, Janderson Luis Sequeira e Peterson Lucas Cacenote de Souza, eles seriam os executores do atentado para eliminar Paulo Jacques Silveira, que era gerente do narcotraficante brasileiro Jarvis Pavão e seria o elo entre o mafioso e o fugitivo Elton Rumich Leonel da Silva, mais conhecido como Galã, que, supostamente, se aliaram em junho do ano passado para matar, em Pedro Juan Caballero, o também traficante e contrabandista de armas e munições Jorge Rafaat Toumani e controlar o tráfico de armas e drogas para o Brasil em nome do PCC (Primeiro Comando da Capital).
Na manhã de ontem (13/01), os pistoleiros foram apresentados em Assunção, sendo que Jackson Peixoto Rodrigues, conhecido como Nego Jackson, estava usado a identidade falsa de Gabriel Ferreira Santos, enquanto Marcos da Silva Oliveira, usava a identidade falsa de Janderson Luis Sequeira. O caso tomou um rumo inesperado quando se soube que os atiradores eram membros de um novo grupo criminoso que tenta se estabelecer na fronteira com o Brasil.
O comissário Abel Cañete disse que os quatro detidos são membros da facção criminosa brasileira que opera na capital do Rio Grande do Sul e se autodenomina “Bala na Cara”, sendo conhecida pela sua crueldade e grande poder na Região Sul do Brasil.
“Entre os detidos estão Jackson Peixoto Rodrigues, dez mandados de prisão no Brasil, além de ser um daqueles que escapou da prisão em Porto Alegre; Leandro Lucas de Oliveira dos Santos, que tem mandado de prisão por tráfico de drogas e assassinato, também é um fugitivo da prisão; e Marcos da Silva, com seis mandados de prisão por assassinato”, disse o comissário.
“A intenção da facção criminosa brasileira é migrar para o Paraguai, como outras facções já fizeram, como o Primeiro Comando da Capital (PCC)”, garantiu Abel Cañete, lembrando que essa facção criminosa tem um grande poder em Porto Alegre.
Quando os policiais chegaram à casa onde estavam os quatro pistoleiros, nunca imaginou que iriam se encontrar com membros de uma nova facção criminosa. No ataque, encontraram documentos falsos, 22 telefones celulares, três pistolas calibres 9 milímetros, US$ 14,3 mil, G$ 62 mil, além de maconha e ecstasy, entre outros produtos.
Presume-se que a ideia da facção “Bala na Cara” era enfraquecer a estrutura criminosa Jarvis Chimenes Pavão para se instalar na região, assim como outras facções como o Primeiro Comando da Capital (PCC), o Comando Vermelho (CV) e o Comando Catarinense.
Cartões de recarga entregaram pistoleiros
Um cartão para recarregar de celular esquecido na caminhonete Chevrolet S10, que foi usada para atacar Paulo Jacques e sua namorada, Mirelly Soares, foi fundamental para a investigação chegar até os pistoleiros. Por meio dele, a Polícia identificou Jackson Peixoto Rodrigues, conhecido como Nego Jackson, o homem mais procurado do Rio Grande do Sul, e descobriu o paradeiro dele e dos outros três comparsas em Pedro Juan Caballero.
Segundo os investigadores, graças ao cartão foi possível identificar o número de telefone celular utilizado por Nego Jackson e, graças ao sistema de rastreamento, confirmou que a linha recebeu uma chamada de quatro minutos antes do tiroteio e a poucos quarteirões da cena do crime, no Bairro Republicano, em Assunção.
Seguindo as ligações para o mesmo número de telefone celular, a Polícia foi capaz de localizar o esconderijo do grupo em Pedro Juan Caballero, que foi invadida na quinta-feira à tarde e resultou na prisão dos quatro pistoleiros da facção criminosa “Bala na Cara”.