Após sobreviver a atentado, indígena é executado e relação extraconjugal pode ser o motivo

O comerciante indígena Vitorino Sanches, 60 anos, que sobreviveu a um atentado no dia 1º de agosto deste ano, foi executado, no início da noite de ontem (13), quando saía de um escritório de advocacia, localizado no centro de Amambai (MS), com cinco tiros nas costas em frente da esposa, que o acompanhava. De acordo com a Polícia Civil, a motivação do homicídio seria um caso extraconjugal da vítima com a esposa do suposto assassino.

Vitorino Sanches era uma das lideranças na ocupação da terra chamada pela comunidade de Guapoy, onde meses atrás Vito Fernandes, de 42 anos, foi morto em confronto com o Batalhão de Choque da Polícia Militar. Ele era produtor rural e proprietário de um mercadinho na Terra Indígena Amambai, sendo que foi morto quando estava na Rua General Câmara e chegou a ser socorrido pelo Corpo de Bombeiros, sendo levado ao Hospital Municipal, mas não resistiu aos ferimentos.

Segundo a esposa da vítima, ela e ele saíram do escritório de advocacia, quando dois homens chegaram em uma motocicleta, de cor preta, e o garupa desceu e deu cinco tiros nas costas do marido, que caiu no chão. A mulher disse aos policiais civis que reconheceu o assassino do marido como um homem identificado apenas como “Paraguai”.

A Polícia Civil investiga se Vitorino Sanches estava tendo um caso extraconjugal com a esposa do suposto autor. Vídeos e mensagens enviadas ao celular de “Paraguai”, o suposto pistoleiro, levantaram essa hipótese. O caso segue em investigação.

No início do mês de agosto, a vítima ficou ferida com dois tiros no braço esquerdo quando chegava na aldeia em sua caminhonete, uma Toyota Hilux, por volta de 11h. Pelo menos 15 tiros atingiram o veículo. Testemunhas afirmam que os atiradores estavam em uma moto Honda Biz vermelha. Depois de ser socorrido, Vitorino Sanches teve alta no dia seguinte.

À época, a Polícia Federal informou que acompanhava os fatos, mas que a investigação estava a cargo da Polícia Civil. Por meio da assessoria de imprensa, a Superintendência da PF em Mato Grosso do Sul comunicou que os indícios apontavam para crime comum e não contra a comunidade indígena.

Segundo os moradores ouvidos, Vitorino Sanches não tinha ligação com o grupo que ocupou a Fazenda Borda da Mata, onde Vito Fernandes foi morto no dia 24 de junho. Ele, contudo, também conforme a apuração, era apoiador do movimento de retomada de terras reivindicado por parte da comunidade.