Pesquisa divulgada pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), publicada na revista científica “International Journal of Educational Research Open”, revelou o impacto da pandemia da Covid-19 nas atividades acadêmicas e na saúde mental de estudantes de pós-graduação de diversos Estados do Brasil.
Além das crianças, que tiveram prejuízos de aprendizado devido ao período de aulas remotas, estudantes de pós-graduação, que convivem com uma rotina de prazos, grande carga de leituras e produção de textos, o momento trouxe impactos significativos associados especialmente à pressão por produtividade.
Em Mato Grosso do Sul, os acadêmicos de universidades públicas, como a UEMS, UFMS e UFGD, além da faculdade privada como a UCDB, responderam aos questionários. Os dados do estudo deixam em evidência a situação de estresse enfrentada pelos discentes durante a pandemia.
Os estudantes viveram incertezas, medo e perdas, no contexto estressante da pós-graduação, onde há muita pressão para ser produtivo e cumprir prazos. Um terço precisou procurar atendimento psicológico e uma pequena parcela, de quase 17%, usou medicamentos ansiolíticos ou antidepressivos sem prescrição.
Além disso, com as reconfigurações das práticas de ensino, onde as salas de aula foram substituídas por telas, através do ensino remoto, tanto os acadêmicos quanto os docentes tiveram que se readaptar às novas conjunturas educacionais.
Outra questão explicitada pelos dados da pesquisa diz respeito às alterações que, impostas pela pandemia, os alunos e pesquisadores tiveram que realizar em seus projetos de pesquisa, sendo que 9% mudaram completamente seus estudos, 35% fizeram alterações significativas e 37%, mudanças leves.
A pesquisa contou com a participação de cerca de 5,985 estudantes, que responderam formulários online no período de outubro a dezembro de 2020. Cerca de 94% dos entrevistados estavam matriculados em cursos Stricto Sensu, sendo 51% no mestrado e 43% no doutorado.
Por fim, 6% eram alunos de cursos de especialização, chamados de Lato Sensu. O estudo indica que, de forma geral, o perfil dos respondentes reflete o dos estudantes de pós-graduação do país e alcançou todas as regiões do país e teve participação de acadêmicos de diferentes áreas do conhecimento.
Ainda de acordo com a pesquisa, cerca de 50% dos respondentes eram jovens, com idade entre 18 e 30 anos; 70%, mulheres e 30% homens. A pesquisa aponta que 96,32% dos pesquisados estão frequentando universidades públicas, enquanto que 3,7% estão matriculados em faculdades particulares.
O estudo concluiu que a pandemia da Covid-19 causou diversos impactos na saúde mental dos pós-graduandos brasileiros. Segundo o artigo, dentre diversas questões, os estudantes e pesquisadores sentiam-se desmotivados, com dificuldade de concentração, com insônia, além de altos níveis de ansiedade e depressão.
Além disso, os dados apontam para um regime de estresse contínuo no qual os acadêmicos estavam submetidos. O texto da pesquisa indica que, dos estudantes que buscaram apoio emocional, mais da metade se voltou para os amigos.
Cerca de 15% procuraram seus orientadores. Apenas 1%, os comitês de apoio aos discentes. A maioria dos estudantes também não buscou a coordenação do curso de pós-graduação e 5% disseram não ter recebido apoio, apesar da solicitação.
Segundo os pesquisadores, estudos anteriores à pandemia já mostravam que problemas de saúde mental são mais frequentes entre estudantes de pós-graduação do que na população em geral. A emergência sanitária agravou a situação, reforçando a importância dos serviços de acolhimento.
Além disso, mais de 60% relataram crises de ansiedade e dificuldade para dormir. Falta de motivação e problemas de concentração foram reportados por quase 80% dos pós-graduandos. Com informações do site do jornal Correio do Estado