Abertura parcial da fronteira gera carreata pela sobrevivência e acaba “melando” delivery

O sistema de “delivery sanitário” instituído entre os comerciantes de Pedro Juan Caballero, cidade paraguaia que faz fronteira com Ponta Porã (MS), para vender mercadorias para os turistas brasileiros durou menos de 48 horas. O canal de entregas foi paralisado momentaneamente em meio à migração de comerciantes de outras cidades paraguaias, que, com caminhões carregados de mercadorias, tentavam chegar ao Brasil.

Proposto pela Câmara de Indústria, Comércio, Turismo e Serviços de Pedro Juan Caballero, o delivery era a salvação dos empresários em meio à pandemia do novo coronavírus (Covid-19), que obrigou o fechamento da fronteira com o Brasil, impedindo o turismo de compra. Em nota, entidade informou que tinha sido incumbida de fiscalizar as tendas de intercâmbio de mercadorias e obediência às normas sanitárias, leis e decretos decorrentes da pandemia.

No entanto, vários caminhões, alguns de grandes importadores, com produtos de outras partes do Paraguai, chegaram à cidade na expectativa de serem negociados com brasileiros, prejudicando assim as lojas de Pedro Juan Caballero. Conforme a entidade, a medida de suspensão do delivery foi tomada como forma de cautela “ante alguns incidentes e inconvenientes”. A paralisação das entregas se deu por volta das 14h, “tendo em vista que era algo experimental”, prosseguiu a nota.

 ideia é suspender o delivery “a fim de proceder com a regulação de seu uso e evitar abusos de usuários”. “Se Deus quiser, o mais brevemente possível estaremos novamente em funcionamento, com as normas claras para o uso das instalações, assim evitando que as instituições encarregadas por fiscalizar o cumprimento das normas decidam suspender a autorização que obtivemos até o fechamento”, complementou o comunicado da entidade, assinado pelo presidente, Victor Hugo Barreto, e seu secretário de Atas e Relações, Pedro Zanchet Bondiman.

A autorização para o delivery sanitário foi dada na noite de segunda-feira (20), com o início das operações anunciado para as 8h do dia seguinte, e depois de protestos de comerciantes locais –que fecharam as principais vias de acesso à Aduana de Pedro Juan Caballero a fim de proibir o trânsito de caminhões com produtos brasileiros e de outros países. Nesse “corredor sanitário”, clientes poderiam realizar as compras nos comércios de Pedro Juan Caballero e Ponta Porã por meio de aplicativos como o WhatsApp, recebendo-os em pontos estabelecidos pelas autoridades sanitárias na Linha Internacional.

A intenção era preservar empregos na região, seriamente atingida com o fechamento das fronteiras com a pandemia de coronavírus –fala-se em mais de 40 mil postos de trabalho atingidos apenas do lado paraguaio da fronteira com o fechamento da circulação entre os dois países.