Assessoras de Adriane são afastadas de cagos por sumiço de prontuários a mando da Justiça

A coordenadora da Rede de Atenção Psicossocial (CRAP) de Campo Grande, a psiquiatra Gislayne Budib Poleto, foi punida pela pela Justiça devido ao sumiço de milhares de prontuários médicos de pacientes do Centro de Atenção Psicossocial – CAPS III, localizado no Bairro Aero Rancho.

Além dela, também foram afastadas de suas funções Marileide de Souza Fernandes, ex-gerente administrativa do CAPS III, e Gleicy Kelly Telles Candia Baez, assistente de serviços de saúde. As duas estavam lotadas no CAPS quando do sumiço dos documentos, que teria sido incinerados por ordem de Gislayne Budib.

Policiais do Departamento de Repressão à Corrupção e ao Crime Organizado (Dracco), que no dia 7 de abril deflagraram a “Operação SOS Caixa Preta”, estiveram na manhã desta quinta-feira (17) no CAPS III e na sequência seguiram para a Sesau (Secretaria Municipal de Saúde).

Na secretaria, eles apreenderam o computador usado por Gislayne Budib, que pouco antes teve que entregar celular e tablet aos agentes, também por determinação judicial. A ordem de busca e apreensão teve ainda como alvo a residência da psiquiatra.

Ainda nesta manhã, a titular da Sesau, Rosana Leite, teria preparado o ato de exoneração de Gislayne Budib do cargo de coordenadora, assim como do afastamento de Gleicy Kelly e Marileide de Souza.

 

Histórico

A investigação teve início em outubro de 2024, a partir de representação formal da Defensoria Pública do Estado de Mato Grosso do Sul, por meio do seu Núcleo de Atenção à Saúde (NAS).

O órgão denunciou a destruição sistemática de prontuários físicos de pacientes em tratamento psiquiátrico, documentos que devem ser preservados por, no mínimo, 20 anos, conforme legislação federal e municipal.

A apuração passou a contar com o apoio técnico do Departamento Nacional de Auditoria do SUS (Denasus), que incluiu o CAPS III no cronograma prioritário de auditorias federais, em razão da gravidade dos fatos.

A conclusão a respeito da auditoria ainda não foi divulgada, mas tudo indica que as irregularidades foram constatadas, situação reforçada pelas ordens judiciais cumpridas nesta quinta-feira.

 

Outro lado

Gislayne Budib classificou o pedido de afastamento do cargo como questão pessoal e não deliberação do CMS (Conselho Municipal de Saúde). “E aí eu venho na minha defesa, quando a Auxiliadora, que infelizmente não está aqui, dizer que ela e o Sebastião Júnior (conselheiro do CMS) são os dois que fizeram uma proposição de minha saída”, disse, argumentando que não se trata de um pedido do Conselho, mas apenas dos dois conselheiros.

“Eu tenho vários usuários amigos, tenho vários conselheiros amigos no CMS”, completou, dando a entender que a relação entre ela e determinados membros do Conselho é de amizade, o que no mínimo coloca sob suspeição não apenas ela própria, mas também os supostos “conselheiros amigos”.