A igreja está ruindo? Dívida faz Justiça penhorar bens do apóstolo Valdemiro Santiago

O apóstolo Valdemiro Santiago, fundador da Igreja Mundial do Poder de Deus e ex-bispo da Igreja Universal do Reino de Deus, está enfrentando um verdadeiro inferno astral na Justiça, onde tem uma série de problemas para resolver. De acordo com reportagem do site UOL, o religioso, que tem mais de seis mil templos distribuídos no Brasil e em outros países, incluindo Mato Grosso do Sul, teve 15 condenações em menos de 30 dias, todas de 1ª instância pelo TJSP (Tribunal de Justiça de São Paulo) e relacionadas a dívidas com proprietários de imóveis alugados pela instituição no período de 23 de maio a 21 de junho, ultrapassando a cifra de R$ 2,5 milhões.

Os imóveis foram alugados para serem utilizados como templos, casas de pastores e estacionamento para os cultos e, em um dos casos, em Mogi Guaçu (SP), a igreja se instalou em 2014 e, desde 2019, não paga nenhum valor. O comerciante tentou cobrança extrajudicial, o que não adiantou. Agora, o juiz Roginer Garcia Carniel condenou a igreja a pagar R$ 381 mil, valor que será acrescido de juros e correção monetária. Em outro caso, um funileiro cobra R$ 20 mil de aluguéis também não quitados na cidade de São Bernardo (SP). Nova condenação, desta vez assinada pelo juiz Rodrigo Campos.

Nas defesas anexadas aos processos, a igreja afirma ser uma instituição sem fins lucrativos e que é “público e notório” as dificuldades financeiras, “principalmente pelo longo período de pandemia”. É dito que “todas as igrejas do Brasil foram compelidas a fechar as portas”. De acordo com o texto, a falta de atividades religiosas, diminuiu a arrecadação.

Pandemia

Os últimos anos têm sido marcados por escândalos, perdas de processos e penhoras de bem. Em agosto de 2021, Valdemiro foi acusado de ter recebido uma “cifra milionária” da própria igreja. O juiz Mário Roberto Negreiros Velloso afirmou que o líder religioso embolsou mais de R$ 1,2 milhão no último ano. “Há fortes indícios de que a igreja esteja transferindo seu patrimônio a Valdemiro”, frisou o magistrado. Entre as situações enfrentadas, agora mais recentes, em abril deste ano, o juiz Luiz Fernando Guerra decidiu colocar para leilão o templo da igreja localizado no Bairro Santo Amaro, na zona Sul de São Paulo (SP). O motivo? Dívida de R$ 409,8 mil.

O edifício, avaliado em mais de R$ 33 milhões, tem 46,8 mil metros quadrados e capacidade para receber cerca de 20 mil pessoas. Inaugurado em 2014, possui setor administrativo, piscina, estacionamento para 813 carros e 162 motos, tudo dividido em cinco pavimentos. Em documento enviado à Justiça, a igreja não contesta a dívida com a Guima-Conseco, mas tentou anular o leilão argumentando que o imóvel vale muito mais do que o valor homologado pelo juiz. “A não suspensão do leilão poderá acarretar em grande prejuízo patrimonial para a Igreja Mundial”, diz trecho.

Condenado

Em outubro do ano passado, o pastor foi condenado a pagar R$ 35 mil ao governador da Bahia, Rui Costa, por danos morais. Ele alegou que o fundador da Igreja Mundial teria dito que ele fez “pacto com o capeta”. A citação foi feita porque o gestor proibiu o funcionamento dos templos durante a pandemia da Covid-19. A juíza da 1ª Vara Cível, Indira Fábia dos Santos Meireles, assinou a decisão. Já quando chegou o mês de dezembro de 2021, uma nova situação, a penhora de R$ 100 mil de bens pessoais do fundador da Igreja Mundial do Poder de Deus. A quantia foi para pagar o aluguel de um templo em Sertãozinho, cidade localizada a mais de 335 quilômetros de São Paulo.

Há cerca de dois meses, a Justiça paulista determinou a penhora de 25% do faturamento da instituição religiosa mantida pelo apóstolo. Para a magistrada Ana Cláudia Guimarães e Souza, em um dos processos, o locatário cobra uma dívida que gira em torno de R$ 117 mil em aluguéis da igreja. Ela, inclusive, autorizou que a medida judicial fosse feita durante o culto, após o recolhimento do dízimo. Em petição enviada à Justiça, a defesa não nega o pagamento do saldo e pondera que a queda da arrecadação, por conta da pandemia da covid-19, deixou a instituição sem recursos. Após a decisão, a Mundial disse que a crise pode se agravar, caso seus bens sejam penhorados e “inviabilizar a sua atividade filantrópica”, além de afetar a sua “sobrevivência”.

Feijões

Era início da pandemia, meados de maio de 2020, quando o líder da Igreja Mundial de Deus foi acusado de estelionato. A ação foi impetrada pelo Ministério Público Federal (MPF), por meio da Procuradoria Regional da República da 5ª Região no Recife (PE). A investigação iniciou após um vídeo ser divulgado na internet com Valdemiro anunciando sementes de feijão com “poderes de curar a covid-19”. No entanto, dois anos depois o caso foi arquivado, a pedido do Ministério Público de São Paulo.

Inicialmente, os promotores federais afirmavam que o pastor usava da fé das pessoas para enganá-las. No conteúdo compartilhado, o MPF conta que ele não falava em dinheiro, usava a palavra-código “propósito”, desta maneira, as vítimas não fariam pagamentos, mas “propósitos”. Embora deixando subentendido, o relato é de que os fiéis precisariam pagar valores predeterminados para obter feijões mágicos. O MPF ressalta que “não basta ter fé nem ser seguidor do líder religioso, pois não há a possibilidade de fiéis sem condições econômicas receberem o produto”.

O arquivamento em definitivo da acusação envolvendo o líder religioso ocorreu porque, de acordo com o órgão, o evangélico foi vítima de uma “fraude”. A perícia criminalística feita nos vídeos com a entrevista (que gerou a denúncia) comprovou que houve “edição fraudulenta”. O conteúdo original não chegou a ser publicado. Para os profissionais que fizeram a análise, houve uma edição feita com o objetivo de distorcer o que Valdemiro disse de fato, e que sua citação ao “feijão mágico” não passou de uma figura de linguagem.

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