A banalização da vida! Enorme número de execuções na fronteira não assusta mais a população

Que os números de execuções em Pedro Juan Caballero, cidade paraguaia que faz fronteira com Ponta Porã (MS), são alarmantes, todo mundo sabe. Porém, os moradores justificam os crimes de pistolagem na região como sendo de pessoas já ligadas a criminosos e preferem não se envolver muito nas questões por medo de represálias.

Na tarde de sexta-feira (20), foi registrada mais uma execução na região, a de número 113 somente neste ano, sendo que o domínio das armas e dos crimes ceifou outra vida. No entanto, as autoridades e os moradores não se assustam mais com o que está acontecendo e consideram normal o “flagelo”, afirmando apenas que “isso acontece com quem anda com criminosos”.

Esses índices de criminalidade são resultados do fato de os pistoleiros terem total liberdade para agir, podendo realizar execuções a céu aberto e até em lugares conhecidos de consumo, como o caso do Shopping China. Apesar da audácia dos criminosos, a ação deles está longe de surpreender as pessoas que vivem, estudam, crescem ou trabalham na capital do Departamento de Amambai.

Parece que até as autoridades locais estão anestesiada com a violência e reconhecem que a cidade é dominada pelo tráfico de drogas, buscando alternativas para continuarem com suas vidas e ficarem de fora da situação. Em comunicação com a emissora de rádio Assunção 1020 AM, o prefeito de Pedro Juan Caballero, José Carlos Acevedo, disse que é muito difícil pôr um fim a esses eventos porque são previamente planejados e ocorrem devido a “algum problema que a vítima tem”.

“Pode ser por causa de um problema narcótico ou sentimental. Uma vez assim, não há Polícia para protegê-lo”, confessou o chefe municipal, informando que há poucos agentes de segurança para conter o feroz aparato criminoso que estende seus domínios na fronteira seca do Paraguai com o Brasil. No entanto, ele disse que, por ser uma cidade fronteiriça, a segurança deve ser reforçada e que a Polícia pode realizar checagens pesadas de armas. “É difícil de resolver. Em Assunção, esses fatos também existem, mas em Pedro Juan é pior”, afirmou.

Em outra parte da entrevista na rádio, Acevedo justificou os fatos dos assassinatos, apontando que a maioria das vítimas “não morreu por inocência”. “Todo mundo morreu por alguma coisa. Os últimos assassinados não eram coroinhas”, afirmou.

Ele acrescentou que se em Pedro Juan Caballero você estiver envolvido em algo, um dia eles o cobrarão. Finalmente, ele pediu para não falar mais sobre essas questões por temer por sua vida. “Não queremos conversar muito sobre esses assuntos. Porque é melhor assim”, finalizou.