No dia 23 de dezembro de 2016 o Corregedor da ALMS (Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul), deputado Maurício Picarelli (PSDB), corregedor sem correção, mandou arquivar a sindicância que apurava uma denúncia de fraude na folha de frequência dos servidores lotados nos gabinetes dos deputados Paulo Correa (PR) e Felipe Orro (PSDB). Os dois foram flagrados em uma arapongagem do pastor Jairo Fernandes da cidade de Maracaju.
A conversa entre os dois parlamentares foi gravada por um aplicativo instalado no celular do pastor, que havia sido emprestado ao deputado Felipe Orro para que conversasse com Paulo Correa.
Durante o diálogo Paulo Correa orienta o colega a adulterar uma lista de frequência de seus funcionários, e ainda critica o também deputado Zé Teixeira (DEM) por estar “criando caso” com a quantidade de comissionados que eles contrataram, que teria excedido a cota a que cada parlamentar tem direito.
“Agora temos que tomar muito cuidado. Onde está o seu rabo? Está ai. Pega desde o dia 15 de fevereiro e manda todo mundo assinar. Vamos dizer que você tem vinte da cota normal e tem mais vinte. Faz os 40 assinar. Assina o ponto. Deixa sempre no dia anterior assinado. Quando pedirem ‘cadê o controle de ponto’, você apresenta e diz que estão na base, mas a frequência está aqui”.
“Quem está falando mais que a boca é o Zé Teixeira. Eu não posso acusar ainda porque não tenho prova. Mas desde o início ele diz que a gente tem mais do que precisa. É uma conquista nossa”
Depois de vários meses o pastor Jairo Fernandes resolveu entregar o áudio da gravação ao Ministério Público, e o GAECO foi designado para investigar o caso.
Ocorre que nas vésperas da disputa do segundo turno da eleição municipal da capital, quando Rose Modesto e Cláudio Mendonça da chapa PSDB/PR disputavam a prefeitura com os candidatos Marquito Trad e Adriana Lopes da chapa PSD/PEN, a ação de integrantes do próprio Gaeco fez com que vazasse o áudio com a gravação dos deputados do PSDB e PR, através do envio de mensagens do aplicativo Whats App.
Essa mensagem, que está no print dessa página, teria saído do telefone do tenente-coronel André Macedo, coordenador de inteligência do órgão.
Enquanto o MPE-MS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul) e o GAECO (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), alegavam por meio da Assessoria de Comunicação que o procedimento investigatório corria sob sigilo, e que por isso não poderiam se manifestar sobre os detalhes, o Coordenador do Setor de Operações e Inteligência do Gaeco, fazia a divulgação dos áudios que deram início à investigação.
Na época o pastor Jairo Fernandes falou ao Campo Grande News que entregou 17 (dezessete) gravações ao Gaeco. E que todas elas foram feitas em conversas com políticos, pois além de ser presidente do Diretório Municipal do PTN em Maracaju, havia trabalhado na campanha do deputado José Carlos Barbosa, o Barbosinha (PSB), que atualmente ocupa o cargo de Secretário de Estado de Justiça e Segurança Pública (SEJUSP). Ambos teriam se conhecido devido a um amigo em comum, que seria morador de Corumbá e trabalharia com Barbosinha.
Barbosinha x Gaeco
Recentemente o Gaeco deflagrou as operações Girve e Xadrez, onde foram presos dois diretores de unidade penais da cidade de Corumbá, diversos integrantes da cúpula da Agepen, além de realizar buscas nas residências e no escritório de Ailton Stropa Garcia, até então Diretor-Presidente da Agência, que após esses eventos acabou entregando o cargo. Stropa foi candidato a deputado federal pelo Democratas, mesmo partido do deputado Zé Teixeira, alvo de críticas de Orro e Correa, por ter questionado sobre a relação e quantidade de assessores.
Ailton Stropa, Zé Teixeira e Barbosinha aliás são amigos e conterrâneos da cidade de Dourados. Fontes consultadas alegaram que as decisões políticas dentro da Agepen eram compartilhadas pelo trio.
Picarelli x Fantasmas
Quanto a decisão do deputado Maurício Picarelli – Corregedor da ALMS – sem correção, de mandar arquivar a sindicância, após concluir que não houve quebra de decoro dos deputados Felipe Orro e Paulo Correa, além de ser correligionário de um dos sindicados, sua esposa, a ex vereadora Magali Picarelli, também responde uma acusação semelhante, de manter funcionários fantasmas, no caso dela seriam uma a ex e a atual nora, que embora contratadas como educadoras pela SELETA, estavam virtualmente cedidas para atuarem no gabinete da vereadora, mas dificilmente apareciam por lá.