Ao executar em uma emboscada cinematográfica na cidade de Pedro Juan Caballero, no Paraguai, o “Rei da Fronteira”, o narcotraficante e contrabandista de armas e munições Jorge Rafaat, no dia 15 de junho no ano passado, utilizando armas antiaéreas, incluindo uma metralhadora calibre .50, o PCC (Primeiro Comando da Capital) assumiu o controle do tráfico de drogas nas regiões de fronteira do Brasil com a Bolívia e Paraguai, tomando para si as chaves do Sul.
Agora, o objetivo da facção criminosa brasileira é prevalecer no Norte, mas, não há espaço para aqueles que querem controlar o negócio da droga no segundo maior país em número de usuários de cocaína do mundo. A declaração de guerra entre o poderoso PCC, de São Paulo, e o Comando Vermelho (CV), do Rio de Janeiro, as duas maiores facções do crime organizado no Brasil, tornou-se clara na semana passada com as centenas de corpos decapitados e desmembrados dentro dos presídios dos Estados do Amazonas e Roraima.
Nessa “guerra” pelo controle do tráfico de drogas no Brasil, outras 25 facções criminosas que operam no Brasil ficaram do lado de um grupo ou outro. Uma dessas bandas é a Família Do Norte (FDN), a terceira mais poderosa do Brasil, que se aliou ao CV contra o PCC. “O CV utilizava as rotas do Sul, agora comandadas pelo PCC, e teve de buscar soluções para o Norte. Lá, se aliou à FDN para criar uma rota alternativa à rota do PCC, que quer dominar todo o Brasil “, disse o promotor de Justiça Sergio Marcio Christino, especializada em crime organizado.
Além do assassinato do narcotraficante Jorge Rafaat, o procurador de Justiça Alexander Araújo considera que a origem da guerra em curso entre o PCC e o CV começou quando grupos menores do Rio de Janeiro se juntou os paulistas, proporcionando acesso a enclaves emblemáticos. “O PCC tornou-se o primeiro cartel de tráfico internacional de drogas brasileiro, o NarcoSur, como o chamamos, envolvendo Bolívia, Paraguai e Brasil”, disse o promotor Sergio Christino.
Agora, as duas facções criminosas brasileiras – PCC e CV – buscam se aproximar dos senhores da droga na Colômbia, com a vantagem de oferecer uma das rotas mais importantes de tráfico internacional de drogas: o Brasil. Porém, primeiro eles têm que ganhar a “guerra doméstica” iniciada com a execução de Jorge Rafaat.