O aplicativo Uber não foi o primeiro na cidade, pois já existem aqui o 99 taxis e o Easytaxi, mas chegou em meados de setembro e em pouco mais de um mês já tinha caído nas graças da população por conta das valores que chegam a ser até 50% mais baratos que os táxis e por conta da qualidade dos serviços bem superior ao que se tinha na cidade.
E a entrada dos serviços na capital aconteceu sem qualquer episódio de tumulto, diferente do resto do país, e isso porque aqui o Uber veio após um forte movimento dos taxistas. Sim, os próprios taxistas queriam o serviço para ter oportunidade de oferecer algo melhor aos usuários e poderem finalmente se verem livres da “máfia dos táxis”.
Manifestando altíssimo grau de satisfação, os campo-grandenses saíram em defesa do Uber após as lamentáveis declarações do atual Prefeito, Alcides Bernal, e do eleito, Marquinhos Trad.
O aplicativo, que chegou a ser premiado pela CDL no último mês pela inovação que representa para a cidade, corre o risco de acabar, ou pelo menos de enfrentar muitas dificuldades impostas pelos gestores.
Essa é a pretensa vontade do atual Prefeito e do seu sucessor.
Imediatamente após as declarações veiculadas na imprensa, as redes sociais foram inundadas de críticas à dupla e movimentos em defesa do aplicativo, mostrando que pode ser uma guerra perdida contrariar a sociedade e a opinião pública.
PARA TAXISTAS UBER É LIBERTAÇÃO
R.P.A, que era taxista há mais de 12 anos e migrou para o Uber sintetiza “antes do Uber trabalhávamos como condenados, pagando diárias altíssimas e em condições degradantes. Ao final de 24 horas de trabalho o que sobrava era R$ 40,00, quando sobrava”. Já A. H. , que adotou o Uber após 6 anos como taxista, é mais enfático “existe a máfia dos táxis sim. Uma só pessoa é dona de dezenas de alvarás, e todos os políticos sabem disso. São amigos. Ele sozinho ganha mais de R$ 480.000 livres por mês. Imagina o que isso dá em um ano. Agora pergunte se alguém olha pelos taxistas. O Uber é nossa libertação.”
Os curiangos, como são conhecidos os taxistas, fazem diárias de 24 horas dirigindo carros que não são seus, e pagam de R$ 180,00 a 230,00. Ao final da diária tem que entregar o carro limpo e abastecido (no posto indicado pelo dono). Além do rigor na cobrança das diárias, eles pagam o aluguel da máquina de cartão e até mesmo a bobina de papel da máquina.
“Não existe alegria e na forma como a gente trabalha. A gente até tenta defender a condição dos táxis, mas na verdade a gente defende é o dono do alvará, que na maioria das vezes nem sabe o que é o compromisso de atender bem o passageiro. Pra eles o táxi é só um negócio.”, afirma L. C. , taxista há 3 anos.
A cidade cresceu e a lei que estabelecia um alvará a cada 1 mil habitantes estacionou. Hoje Campo Grande tem 850 mil habitantes e 490 alvarás concentrados nas mãos de poucos.
Muito se prometeu aumentar o número de alvará, por contínuas gestões, mas por pressões externas isso nunca aconteceu. Até mesmo o Ministério Público abriu procedimento sobre o assunto, e parou. Hoje aumentar o número de alvarás não representa mais nem o desejo da classe dos taxistas, nem a solução para a cidade.
Para muitos, a briga do município com o aplicativo pode maquiar a defesa de interesses bem maiores que a simples arrecadação de impostos, contrariando a lógica do bem comum.
Ágeis como deveriam ser nossos políticos, os motoristas independentes realizam na manhã desta segunda uma reunião para fundar sua Associação. Uma pedra a mais no sapato que o futuro prefeito não precisava ter.
GUERRA AO UBER
A PREFEITURA DEU O PRIMEIRO TIRO. NO PÉ.
Durante a última semana a Prefeitura deflagrou uma guerra contra motoristas do aplicativo, multando e inclusive fazendo com que passageiros descessem dos veículos para seguirem viagem em táxis.
Um dos vídeos que circularam nas redes sociais mostra uma dessas abordagens.
O mais incrível é que esse movimento, nada estratégico, do município pode provocar a insegurança a todos os usuários, inclusive física, dando margem a violentos movimentos como aconteceram em outras cidades do país.
Será aqui a violência incentivada justamente pelo Poder Público?
Se isto ocorrer, quem será responsabilizado?
Que gestão é essa que ao invés de tratar da legalização estabelece mecanismo de repressão sem adotar qualquer movimento para o real foco da questão que é tratar dos trâmites de legalização?
A LENDA DA FALTA DE IMPOSTOS DO UBER
Desconhecedores do que realmente o aplicativo permite, vez ou outra se ouve alguém, vestido de uma ignorância imensa. dizer que o Uber não gera imposto.
Vamos à reflexão.
Se o sistema permite o empreendedorismo individual, significa que mais pessoas terão renda.
O motorista abastece seu carro, faz manutenção e isso aquece este segmento de mercado.
Alguns alugam carros em condições especiais para prestarem o serviço, incrementando o negócio das locadoras. Mais impostos.
Com sua renda melhorada, o motorista leva isso pra casa e a família retoma o poder de compra, aquecendo o comércio e serviços.
Toda essa cadeia gera renda, negócios e impostos.
E o Uber, que fica com 25% dos valores das viagens?
Analisemos: se os pagamentos são feitos através de cartão de crédito, é óbvio que esses valores são passam incólumes de tributação.
Mas e a tributação municipal?
Ao invés de ficar apregoando que o Uber só pode funcionar se for legalizado, os nossos agentes públicos deveriam é tratar logo do assunto, a exemplo do que fez São Paulo, que estabeleceu um valor de regulação e por km de cada viagem. Tudo de forma clara ao usuário e à sociedade.
É a incompetência de fazer que tem reinado sobre a capacidade de fazer.
Tem sido melhor apenas falar ao vento e a cidade fica sem as receitas que poderia ter já.
O que os governantes deveriam, de imediato era chamar o tal Uber e definir um modelo que seja bom para o município sem penalizar quem mais precisa (e está satisfeita), que é a população.
A FALTA DE SEGURANÇA DO UBER
(FALTA DO QUE FALAR)
Presente em mais de 500 cidades no mundo, muita gente ainda não conhece o sistema do Uber, o que é normal, mas quando se trata de gestores públicos avaliando o serviço sem conhecer, é mais grave.
Surpreendentemente (ou não) o Prefeito Alcides Bernal alegou que “nunca tinha usado o serviço”, e mesmo assim considerou que “seria ilegal uma vez que não garante seguro ao passageiro. Uber nós não sabemos quem é. Como essa pessoa vai ser identificada se alguma coisa acontecer?”. Já o Prefeito eleito, Marquinhos Trad também soltou uma pérola “hoje, com tanta violência, você não sabe quem está te buscando em casa e nem para onde vai levá-lo”.
Esses homens públicos deveriam se preparar e evitar emitir opiniões deste tipo, ou contarem pelo menos o conhecimento de seus assessores, que certamente usam serviços como Uber, 99taxis ou Easytaxi.
Ao usar o serviço destes aplicativos, toda viagem é registrada, desde a solicitação, com mapa de trajeto, nome do motorista, modelo e placa do carro. Inclusive com um simples toque é possível “compartilhar a viagem”, fazendo com que o passageiro permita a determinada pessoa acompanhar toda a viagem em tempo real, por todo trajeto.
E tudo isso com um seguro incluso, desde a hora do embarque ao desembarque.
Além disso tem a parte que o município realmente se interessa: gera recibo do valor cobrado e os tributos incidentes.
Tudo de forma clara e transparente.
E registrado.
Não sei os nobres políticos, mas da última vez que peguei um taxi não soube o nome do motorista, o atendimento foi bem precário e não tive nenhum recibo e não ficou qualquer registro disso.
E sobre a ilegalidade, isso depende muito mais do município tomar as rédeas do assunto e regulamentar do que ficar fazendo papel de vítima, que teve sua cidade invadida por um serviço estranho que não “pediu benção” mas que conta com amparo constitucional.
MODELOS A SEGUIR
São Paulo é um bom exemplo de regulamentação do Uber. Após sediar muitos conflitos e violência, estabeleceu valores de km rodado e regulação. E o futuro Prefeito, João Dória anunciou que vai se desfazer de 1.300 carros que fazem transporte de funcionários e como medida de economia “eles andarão de Uber e táxi”.
Pode-se ainda adotar o modelo da cidade do Rio de Janeiro, que tenta (e não consegue) proibir o Uber, privilegiando a “pesada máfia dos táxis” lá existente, porém adotar o modelo de uma cidade quebrada como aquela pode não ser o melhor para Campo Grande.
Mas cabe aos gestores, eleitos pelo povo, essa escolha e arcar com o ônus ou bônus dela.
Senhores, o mundo está na velocidade de inovação e da modernidade e não do elefante que é a administração pública.
O Uber é apenas uma das primeiras revoluções.
Estejam preparados, a cidade será sacudida por outras tantas neste movimento que o mundo está vivendo e não serão seus decretos que farão isso tudo parar.