Não passou de um grande engodo a versão contada pelo advogado Ruvoney da Silva Otero nas mídias sociais a respeito da suposta agressão que teria sido vítima praticada pelo delegado Messias Pires dos Santos na agência do Detran/MS em Três Lagoas. O Blog do Nélio teve acesso aos autos da prisão em flagrante do advogado por crimes de desacato, lesão corporal dolosa tentada e resistência e fica claro que ele faltou com a verdade em relação ao ocorrido.
Segundo testemunhas ouvidas pelo MPE (Ministério Público Estadual), os ferimentos de Ruvoney da Silva Otero foram provocados quando ele caiu e bateu com a cabeça no balcão do local ao tentar resistir à prisão em decorrência do desacato à autoridade policial provocada por ataques verbais contra o delegado, que apenas foi obrigado a intervir no momento em que o bacharel destratava os servidores da agência do Detran/MS no município, cuja a responsável, Solange de Fátima Rodrigues Oliveira, já tinha registrado boletins de ocorrência contra o advogado por contravenção penal e perturbação do trabalho.
Ainda conforme os autos, o exame de corpo delito comprova que Ruvoney mentiu ao dizer que tinha sido atingido por um soco frontal, que, normalmente, causa um tom roxo no local do golpe e hematomas graves, mas o laudo comprovou que a lesão foi de grau leve. Diante dos fatos apresentados pelo MPE, o juiz Rodrigo Pedrini Marcos homologou o auto de prisão em flagrante do advogado, mas concedeu a liberdade provisória sem o arbitramento de fiança, aplicando medidas cautelares diversas da prisão previstas em lei, como o comparecimento mensal em juízo para informar suas atividades.
Além disso, o juiz proibiu Ruvoney de acesso à agência do Detran/MS de Três Lagoas pelo prazo de 60 dias para evitar o risco de novas infrações, pois foi a terceira ocorrência policial relacionada ao local em pouco mais de 10 dias. “O descumprimento das condições poderá ensejar a decretação de nova prisão”, traz a decisão do magistrado, que, em decorrência da gravidade dos fatos, encaminhou cópia do flagrante e da decisão ao presidente da OAB/MS para as providências disciplinares cabíveis ao advogado.
Entenda o caso
Nas mídias sociais, o advogado acusou o delegado de Polícia Civil de tê-lo agredido na agência do Detran/MS em Três Lagoas, onde estava para liberar documentos do carro de um cliente. Ele chegou a postar uma foto mostrando as marcas da agressão no rosto depois que tentou obter a liberação de uma van apreendida por policiais militares com suspeita de crime eleitoral no início de setembro.
O carro teria sido comprado em um leilão da Prefeitura de Brasilândia, em 2012, mas não teve documentos transferidos ao novo dono. O presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) em Três Lagoas, Antonio Corcioli, disse que acompanhava o caso e que procurava meios de liberação de Ruvoney.