Se já era ruim, agora ficou pior a situação da secretária municipal de Finanças de Campo Grande, Márcia Helena Hokama, com os vereadores depois que faltou ao convite feito pela Câmara Municipal para falar sobre a crise fiscal do Executivo municipal.
Diante da falta de consideração com o Poder Legislativo, a “nobre” secretária foi convocada oficialmente para comparecer à Casa de Leis no próximo dia 18 de novembro, às 9h, para prestar esclarecimentos sobre a situação financeira da Prefeitura de Campo Grande.
Caso não compareça, Márcia Hokama vai incorrer em crime de desobediência e poderá responder a sanções político-administrativas, que inclusive podem alcançar a prefeita Adriane Lopes (PP).
Um dos primeiros a externar insatisfação foi o ex-presidente da Câmara Municipal, vereador Carlão (PSB), que espinafrou a titular da Sefin (Secretaria Municipal de Finanças) por ter alegado problemas de saúde para justificar o cano dado nos parlamentares.
“Deixo aqui meu repúdio à atitude da secretária de Finanças, que mais uma vez, desrespeitando esta Casa, não veio, com o argumento de que estava doente. Não estava doente porque ela deu uma entrevista ao vivo à TV ontem à noite. Estava mais corada do que eu e mentindo que está doente. Então, tem que falar a verdade. Não pôde vir, não quis vir, e nós iremos convocá-la”, disse Carlão.
Na quarta-feira (5), o presidente da Casa de Leis, vereador Epaminondas Neto (PSDB), o “Papy”, já havia demonstrado insatisfação com a forma como Hokama vem tocando a Sefin. Na ocasião, ele anunciou a presença da secretária e do titular da Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos (Sisep), Marcelo Miglioli, na sessão de quinta-feira (6), porém, só o segundo compareceu.
Após contextualizar que os milhares de buracos existentes nas ruas da cidade provocam acidentes e mortes, Papy criticou os amplos poderes delegados por Adriane Lopes à Márcia Hokama para que esta defina as prioridades na destinação do dinheiro do município. “Você não pode ter uma secretária que determina a prioridade dos pagamentos. Essa é uma responsabilidade exclusiva da Prefeita”, disse.
O parlamentar citou como resultado negativo desses amplos poderes a crise no transporte público, cujos trabalhadores cruzaram os braços por duas horas no dia 22 de outubro passado pelo fato de não terem recebido o adiantamento salarial (vale) do Consórcio Guaicurus, vítima de constantes calotes da prefeitura.
“Depois de dois dias, tinha o dinheiro lá [na Sefin]. Por que não pagou na semana que tinha que ser pago? Por que esperou a paralisação, que atrapalhou a vida das pessoas? Porque é a secretária que prioriza os pagamentos. Ah, eu estou com pouco dinheiro, então eu pago isso ou aquilo. E aí, na escolha da prioridade de pagamento, ela excluiu o consórcio”, disparou o presidente da Câmara.
Por conta desses poderes dados à Márcia Hokama, a Prefeitura está “numa crise que não tem fim”, argumentou o vereador. “Então, o que eu tenho dito para a prefeita? A secretaria de Finanças tem que estar submissa ao controle de pagamentos do gestor municipal, no caso, a prefeita Adriane. Não pode ter alguém que escolha os pagamentos”, arrematou.
Com relação às crateras existentes nas ruas da cidade, ele questionou o fato de Márcia Hokama ter suspendido o pagamento às empresas que realizam o trabalho de tapa-buracos, justamente um dos pontos que ela e Miglioli iriam debater com os vereadores na sessão de quinta-feira.
