Durante a “Operação Blindagem”, deflagrada ontem (7) por equipes do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), foi preso, no Edifício Vertigo, o mais alto de Campo Grande (MS), o narcotraficante Tiago Paixão Almeida, o “Boy”, que é apontado como o chefão do narcotráfico no Estado e condenado por assassinato.
O mandado de prisão do “Boy”, que é ligado à organização criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), foi cumprido dentro de um dos flats alugados no Edifício Vertigo. Trata-se da segunda operação em menos de dois meses que prende suspeitos de crimes no prédio, localizado em área nobre da Capital.
No mês passado, o empresário paulista Darlan de Jesus, 41 anos, foi preso no mesmo edifício por policiais civis da Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros), sendo que a operação também mirava pessoas ligadas ao tráfico de drogas.
Agora, além de “Boy”, também foram presos policiais penais e militares do Exército, totalizando pelo menos 35 investigados. A organização criminosa, com suposta ligação com o PCC, atuava no tráfico de drogas que entram em Mato Grosso do Sul pela fronteira com Paraguai e Bolívia para estados vizinhos.
As suspeitas são, além do tráfico de drogas, de corrupção ativa e passiva, usura, comércio ilegal de armas de fogo e lavagem de capitais que atuava dentro de um presídio. A estrutura era comandada de dentro do sistema prisional e contava com uma rede de colaboradores em Campo Grande, Aquidauana, Anastácio, Corumbá, Jardim, Sidrolândia, Ponta Porã e Bonito, além de integrantes nos estados de São Paulo e Santa Catarina.
De acordo com o Gaeco, as investigações duraram mais de dois anos e revelaram que a organização criminosa atuava em diversas frentes, enviando drogas para cidades do interior do Mato Grosso do Sul e para os estados de São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Bahia, Acre, Maranhão e Goiás, utilizando diferentes métodos.
Um método de destaque era a utilização de caminhões com fundo falso para garantir a ocultação dos entorpecentes, ao passo que, no compartimento de carga, transportavam produtos lícitos do gênero alimentício, acompanhados de nota fiscal, visando a dificultar que órgãos de repressão descobrissem tal estratégia em eventual fiscalização nas estradas.
Além disso, o grupo realizava remessas por Sedex, utilizando os Correios, e também transportava drogas em veículos de passeio e utilitários, inclusive por meio de passageiros transportados em vans.
Também foram constatados vínculos da organização criminosa com o Primeiro Comando da Capital (PCC), que fornecia suporte por meio de membros de sua alta cúpula, para ampliar o tráfico e aplicar punições violentas a quem estivesse em débito com o grupo criminoso, além da identificação de práticas de extorsão mediante uso de arma de fogo, violência e restrição da liberdade de vítimas, justamente para a obtenção do pagamento de dívidas do tráfico de drogas.
