O Ministério da Justiça e Segurança Pública autorizou que parte dos 10 integrantes da cúpula do Comando Vermelho (CV), facção que domina boa parte das favelas do Rio de Janeiro, venha para o Presídio Federal de Campo Grande nos próximos dias
Ainda não há definição sobre quantos virão ou quem serão os nomes designados para o presídio da Capital, mas a movimentação colocará a facção novamente sob vigilância no Estado e fará “companhia” ao chefe Marcinho VP, preso há 659 dias na Penitenciária Federal de Campo Grande.
O governo do Rio pediu a remoção dos dez chefões logo após a megaoperação deflagrada na terça-feira (28) nos complexos do Alemão e da Penha, que resultou em mais de 121 mortes. A Polícia Civil identificou que, mesmo atrás das grades, os criminosos ordenaram que bloqueios e barricadas fossem erguidos em represália à ação policial.
A Senappen (Secretaria Nacional de Política Penitenciária) já definiu o destino dos líderes: eles serão divididos entre as cinco unidades federais: Brasília, Porto Velho (RO), Mossoró (RN), Catanduvas (PR) e Campo Grande (MS). A estratégia é dispersar e promover rodízio dos detentos para quebrar a cadeia de comando e evitar nova articulação de dentro das celas.
Entre os nomes que integram a “comissão”, como se autodenomina a cúpula do CV, estão Marco Antônio Pereira Firmino, o My Thor; Wagner Teixeira Carlos, o Waguinho de Cabo Frio; Rian Maurício Tavares Mota, o Da Marinha; Roberto de Souza Brito, o Irmão Metralha; Agnaldo da Silva Dias, o Naldinho; Fabrício de Melo de Jesus, o Bicinho; e Alexandre de Jesus Carlos, o Choque, além de outros três integrantes.
Dois dos dez já passaram pelo presídio federal de Campo Grande. Um deles é o ex-policial Alexandre “Choque”, apontado como chefe do tráfico em Manguinhos, preso em 2008 e envolvido em plano para matar o então deputado Fernando Francischini. O outro é Eliezer Miranda Joaquim, o Criam, liderança da Baixada Fluminense, transferido para Mato Grosso do Sul em 2016.
Marcinho VP, cujo nome verdadeiro é Márcio dos Santos Nepomuceno, é um dos mais antigos detentos do sistema federal. Está na unidade de Campo Grande desde janeiro de 2024 e já passou por outras penitenciárias de segurança máxima.
Ele é apontado como articulador da facção, mesmo em regime disciplinar, e já teria interferido em mudanças internas do grupo criminoso, segundo investigações. Apesar disso, a defesa nega. A advogada Paloma Gurgel afirmou ao site Campo Grande News que o preso não cometeu falta disciplinar e que, nos presídios federais, os atendimentos são monitorados por câmeras e vidros blindados, impedindo qualquer contato externo.
Em solo sul-mato-grossense, Marcinho VP também foi citado em apuração que revelou seu papel em acordo com o PCC (Primeiro Comando da Capital) para cessar o conflito entre as facções em Sonora (MS).
Agora, com a nova leva de transferências, o presídio federal de Campo Grande volta a ser peça central na estratégia de contenção do crime organizado, abrigando, lado a lado, os principais nomes do Comando Vermelho.
