Com 31 casos de feminicídios registrados somente neste ano, Mato Grosso do Sul já superou em quase 20% o número dos primeiros 10 meses do ano passado, quando foram 26 homicídios, conforme dados do Monitor de Violência da Sejusp (Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública).
No total, o ano de 2024 teve 35 feminicídios até o dia 31 de dezembro, o que representa uma média de três casos por mês, cenário que vem se repetindo ao longo dos dez meses de 2025. Faltando pouco mais de dois meses para o ano terminar, se os crimes dessa natureza continuarem acontecendo na mesma velocidade, até o fim do ano, o número total deve ser o mesmo, ou até maior do que o registrado em 2024.
Cabe ressaltar que o ano de 2025 foi marcado por mudanças na Deam (Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher), de Campo Grande, principalmente após a morte da jornalista Vanessa Ricarte, que antes de ser assassinada pelo noivo, esteve na Deam, e ao sair de lá, enviou áudios para uma amiga evidenciando falhas no atendimento.
Nesse caso, ao sair da Delegacia sem escolta para ir até a sua casa pegar seus pertences, Vanessa foi esfaqueada ao chegar na residência. Na época, como resposta às falhas no sistema de proteção à mulher do Estado, evidenciadas após a morte da jornalista Vanessa Ricarte, o MPE (Ministério Público Estadual) estudou medidas para melhorar os procedimentos relacionados à rede de atendimento às vítimas e tornar o encaminhamento dos casos mais rápido.
Em paralelo a isso, em março, pouco mais de um mês após a repercussão do caso, as delegadas que realizaram o atendimento direto à jornalista foram removidas da Deam. Naquele momento, doze pessoas colocaram o cargo à disposição e pediram para deixar a unidade após repercussão do feminicídio. Diante disso, a delegada titular, Elaine Cristina Ishiki Benicasa, deixou o comando da delegacia e foi realocada na Diretoria Geral da Polícia Civil (DGPC).
Além disso, o Governo também transferiu, “ex-officio”, a delegada de Polícia Civil Riccelly Maria Albuquerque Donha, que também atuava na delegacia que funciona na Casa da Mulher Brasileira, para a Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) de Campo Grande).
A delegada de Polícia Civil Lucélia Constantino de Oliveira, por sua vez, foi transferida da Casa da Mulher Brasileira para a Depac, a pedido. Lucélia e Riccelly foram as responsáveis pelo atendimento direto de Vanessa Ricarte. O Governo do Estado também atendeu ao pedido de afastamento, sem remuneração, por três anos, da delegada Patrícia Peixoto Abranches.
