Na tarde de ontem (14), o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), fez o “Pix” de R$ 27 milhões na conta dos produtores rurais de área no município de Antônio João e eles deixaram a Terra Indígena Ñande Ru Marangatu, situada na fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai.
O presidente da Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul), Marcelo Bertoni, confirmou o pagamento por volta das 17 horas e os últimos produtores rurais saíram da área, encerrando um conflito de 27 anos com os indígenas, que passarão a administrar 9.317,216 hectares.
“Encerra 27 anos de conflito para ambos os lados, tanto para os produtores como para os indígenas. Hoje, o Governo Federal depositou todo o valor das benfeitorias, e agora estamos fazendo aqui a retirada da Roseli Ruiz, as últimas coisas dela, entregando definitivamente a posse para a Funai. A saída aconteceu por volta das 17h, a propriedade agora pertence à Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai).”, disse Marcelo Bertoni em uma rede social.
Em acordo indenizatório histórico realizado em setembro último, o STF (Supremo Tribunal Federal) já havia determinado que a área é território ancestral indígena, imbróglio iniciado em 2005. Como anunciado na última terça-feira (12) pelo Correio do Estado, os proprietários da fazenda tinham cerca de 15 dias para deixar o local, que deve receber presidente Lula já no próximo dia 25, data prevista para a assinatura de homologação da terra.
Ao todo, a União repassou R$ 27.887.718,98 a título das benfeitorias apontadas em avaliação da Funai em 2005, valores corrigidos pela inflação e a Taxa Selic. Os proprietários também devem receber indenização, pela União, no valor de R$ 101 milhões pela terra nua. O Estado deverá efetuar, em depósito judicial, o montante de R$ 16 milhões, também a serem pagos aos proprietários, previstos para janeiro de 2025.
O acordo prevê a extinção de todos os processos em tramitação no Judiciário envolvendo a disputa da TI, processos a serem extintos sem resolução de mérito. No dia 18 de setembro, após o assassinato do indígena Neri Guarani Kaiowá, de 23 anos, a última etapa do processo demarcatório do território indígena do povo guarani-kaiowá, que estava paralisada há 19 anos, voltou a ser revista por meio de uma petição do MPI, fator que acelerou o desfecho do repasse do território.