A vereadora eleita Isa Marcondes (Republicanos), que venceu a eleição em Dourados com slogan de ser “dona de zona”, colocou no alvo de suas futuras fiscalizações a atuação dos servidores que, usualmente, assumem cargos por indicação de políticos e os médicos que abandonam o plantão deixando a população sem atendimento.
Eleita com o maior número de votos do município, a “Cavala”, como é conhecida pelo povo douradense, assume o mandato juntamente com os eleitos e reeleitos no próximo dia 1º de janeiro de 2025. Como apalavrou com o eleitorado, quer seguir à risca o que frisa a todo momento em suas redes sociais, o papel do vereador é fiscalizar.
Para tanto, pretende passar um verdadeiro “pente fino” nos servidores indicados. “Vou fiscalizar todos. Eu já falei para o prefeito Marçal Filho [indicar] pessoas com perfil técnico e não fazer como estava igual a essa gestão [Alan Guedes] que era uma ‘cabideira’ que só sustentou este povo sem futuro que não trabalhava”, disparou.
Em específico, onde mais afeta a população, Isa indicou que irá ter um olhar especial pela questão da saúde no município. “Servidor que não aparecer para trabalhar ou médico que fugir no meio do plantão será verificado. Tem muitos contratados, por exemplo, médicos que atendem três pessoas [no posto de saúde]; de repente, ele some para fazer uma cirurgia e atender no particular. Essa farra vai acabar; eles têm que aproveitar agora porque, no ano que vem, se eu pegá-los saindo do consultório e deixando o povo na fila, isso vai para a mídia, para o conhecimento do prefeito e do Ministério Público”, avisou.
Além disso, a Câmara Municipal, que atualmente funciona dentro do shopping da cidade enquanto a edificação passa por reforma, também estará nos radares da vereadora. “Eu quero saber o que acontece dentro da Câmara, porque até a Câmara Municipal eu vou fiscalizar. Tem que ver tudo, os contratados, caso haja muitas contratações, pois sempre passa muito, né? Tem que colocar pessoas com perfil técnico. Para que pôr um monte de gente, se eu consegui ganhar uma eleição com sete pessoas e dez cabos eleitorais?”, alertou.
Durante a campanha, Isa contou ao Correio do Estado que não organizou comícios e reuniões na casa das pessoas no município, em razão de achar que as pessoas estão cansadas desse formato de abordagem. Indo na contramão, vestiu um colete de “Fiscal do Povo”, pegou o Jeep cedido pelo avô do neto e caiu nas ruas para ter o tête-à-tête com cada eleitor, o que demandou tempo e gerou várias gravações de denúncias nas redes sociais.
Com isso, a população começou a acionar Isa, e ela esteve em escolas, UPAs e obras paradas, mostrando o que chamou de “descaso com o povo”. Deste modo, conseguiu a confiança do eleitorado e, com a propaganda que chamou a atenção de todo o país: “Dourados está uma zona e de zona eu entendo” – ideia de seu amigo campograndense Juliano Vaca – foi eleita vereadora no dia 6 de outubro com 2.992 votos – com o maior percentual entre os eleitos.
Tendo se autointitulado de “terror de Dourados”, ela explicou que isso ocorrerá em formato de trabalho, dentro da lei e do que implica o cargo. “Vou entrar em órgãos públicos, vou entrar nos famosos depósitos para conferir a licitação. Eu quero saber dos remédios; se vieram os remédios, eu estou lá para fiscalizar e mostrar ao vivo no meu vídeo que estou observando tudo.”
Independentemente de sigla ou ideologia partidária, Isa Marcondes reforçou que, se depender de verba para melhorias em Dourados, virá para Campo Grande conversar com os deputados estaduais e Brasília com os Federais. “Eu só não vou fazer politicagem porque é isso que acaba com o nosso povo douradense. Sou política, eu vou bater em todos os gabinetes, seja de senador, de deputado federal e estadual. Todos de direita e esquerda”, contou.
Para a reportagem, Isa disse que a polarização de direita e esquerda trouxe problemas até para sua vida pessoal. Como a própria se define: lésbica, pela família, com amor a Deus e hoje em atuação do lado do povo, sem radicalismo. Seguidora do presidente Bolsonaro, com quem possui forte identificação, não se considera conservadora, embora esteja em um partido conhecido por essa bandeira.