Por Ângelo Arruda, arquiteto e urbanista, professor da UFMS
Porque a Polícia federal, agora, nas suas novas fases de investigações, mira o ex-presidente Lula, na Operação Lava-Jato, no Brasil, e o ex-governador André Puccinelli, na Operação Lama Asfáltica e Fazendas de Lama, em Mato Grosso do Sul? Porque, os dois, são suspeitos de serem os chefões de uma “organização criminosa” (alcunha de quadrilha), termo usado no ambiente jurídico.
Vamos aos fatos.
Inegavelmente, os dois, Lula e Puccinelli, acumularam poder em suas passagens pela administração pública. Carreiras semelhantes de deputado federal, os dois, um nordestino operário e o outro um ítalo-brasileiro médico, sentiam o gosto pelo poder desde que se aproximaram dele. Lula no movimento sindical, nos anos 1980; Puccinelli na cidade de Fátima do Sul, um pouco antes. Ter poder no ambiente público, é algo que você pode usar para transformar a sociedade em que você vive. Mas vejamos, o poder sempre atrai. As grandes corporações do capital e do trabalho, que enxergam nele, um ambiente propício para seus ideais serem mais bem articulados e que vençam os argumentos. OPS. Aqui começam os problemas da história desses dois.
A melhor estratégia para que o poder seja abatido é chegar muito perto dele. Dele ser confidente, influente e ai começam os podres poderes. O poder é feito de pessoas, de decretos, de leis, de emendas, de muito, muito dinheiro. O poder é algo que encanta a muitos. O poder é uma forma de dominação.
Pois bem leitoras e leitores. Nunca na história desse país, esses dois seres humanos, tiveram tanta oportunidade de, com o poder nas mãos, usá-los para transformar uma realidade existente. Lula no Brasil e Puccinelli em Campo Grande e no Mato Grosso do Sul. E o que eles acabaram fazendo? Para fazer as mudanças, especialmente usando recursos públicos para grandes obras públicas, se aproximaram demais das empreiteiras de obras públicas. Quando eu digo isso, me refiro às cumplicidades agora reveladas pelas ligações telefônicas, extratos bancários, emails e tantos documentos revelados até agora.
Lula e Puccinelli são dois grandes líderes da política. Influenciaram demais a sociedade por onde passaram. Foram aplaudidos, reverenciados, tocados. Sua dominação e suas palavras e seus atos, durante o poder, convenceram a maioria e, com isso, deixaram seus mandatos, com popularidade nas nuvens. Acima de 85% de aprovação. Nunca antes nesse país de viu isto.
Agora, nesse momento, maio de 2016, as polícias daqui e de São Paulo e Curitiba, estão cercando e prendendo todos os que o cercam. De Lula, Bumlai e toda a turma do PT, incluindo José Dirceu, Vacari etc; de Puccinelli, seu mais fiel escudeiro, Edson Giroto e sua grande operadora, Maria Wilma. Dos empreiteiros que se aproximaram demais de Lula, todos presos. Dos empreiteiros mais próximos de Puccinelli, o dono da Proteco, seu companheiro de voos em sua aeronave particular, João Amorim.
Leio na imprensa que as chamadas telefônicas gravadas com autorização da justiça, Puccinelli era chamado de “chefe” e “chefão”. Os empreiteiros também apelidavam o Lula em suas conversas telefônicas. Ou seja, a proximidade desses homens de negócio com os homens do poder, está sendo demonstrada pelos áudios gravados pela polícia.
Minha suspeita, neste momento é que, tanto um quanto outro, prá mim, podem ser presos, a qualquer momento pela Polícia federal, em função do caminhar das notícias das investigações levadas à cabo.
Acho que a possibilidade de prenderem o ex-presidente Lula é muito maior. Por conta das possibilidades dele ser o candidato do PT em 2018; a possibilidade de prisão do ex-governador é menor, mas não excludente, por conta do seu poder local e regional. Por aqui, Puccinelli aprisionado, enterra o processo de poder de muitos interesses; pelo Brasil, o aprisionamento de Lula é a tarefa maior da Operação Lava-Jato, assim que seu nome começou a aparecer.
A Polícia federal em Curitiba e em Mato Grosso do Sul age investigando e apresentando provas, a pedido do Ministério Público. Depois a justiça age. Mandando prender. Moro já prendeu dezenas de políticos e empresários envolvidos; aqui a justiça colocou alguns atrás das grades. Vamos acompanhar o que vem pela frente. Esse é o nosso papel.
Mas não tenho dúvidas. Esses dois são os alvos.