Armado com uma pistola Glock calibre 9 mm com dois carregadores, ele chegou a trocar tiros com os pistoleiros, mas vendo que não tinha como enfrentar de 3 a 5 homens com fuzis, ele correu para o “bunker” levando a namorada, a brasileira Tatiane Figueiredo Franco Cacuda, 28 anos.
Como não conseguiram localizar o esconderijo, os matadores fuzilaram móveis, paredes, portas, janelas e vidraças da casa no Bairro Virgem de Caacupé. A chegada da polícia paraguaia obrigou os atiradores a abandonarem a casa antes de encontrar o alvo.
Segundo a Polícia Nacional, pelo menos 15 pistoleiros em carros e caminhonetes participaram do ataque. Enquanto parte do grupo seguiu para a mansão de “Ryguazu” (galinha, em guarani), outros bandidos permaneceram de tocaia em uma rua próxima, para atrasar os policiais. Houve troca de tiros, mas nenhum agente foi ferido.
Policiais da fronteira afirmam que essa foi a segunda vez que Ederson Salinas consegue escapar de atentado em menos de dois meses. Ele seria o principal alvo do tiroteio ocorrido no dia 30 de janeiro deste ano, em San Bernardino (perto da capital Asunción), durante a Ja’Umina Fest, evento de danças tradicionais da Argentina e da Colômbia.
Outros narcotraficantes foram feridos e Marcos Ignacio Rojas Mora morreu. Outra vítima fatal foi a empresária e influenciadora digital Cristina Vita Aranda, mulher do jogador de futebol Tito Torres, do Olímpia, atingida acidentalmente por um dos tiros.
Ederson Salinas foi apontado em 2020 como sucessor do narcotraficante brasileiro Sérgio de Arruda Quintiliano Netto, o Minotauro, preso em Balneário Camboriu (SC), em fevereiro de 2019, após espalhar o terror na fronteira.
Em janeiro de 2020, “Salinas Ryguazu” foi preso por porte ilegal de arma de fogo durante briga de trânsito em Ponta Porã e chegou a ficar quase dois meses preso depois de ser transferido de helicóptero para a PED (Penitenciária Estadual de Dourados).
No dia 11 de março daquele ano, ele ganhou liberdade depois de pagar fiança de R$ 80 mil arbitrada pela 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul. O boleto da fiança foi feito em nome de Edson Barbosa Salinas, identidade brasileira apresentada por Ryguazu no dia em que foi preso.
A defesa alegou que Salinas tinha dupla identidade para se proteger de eventual perseguição em território paraguaio. A certidão de nascimento apresentada para a expedição da identidade brasileira foi emitida pelo cartório de Aral Moreira.
Enquanto estava preso em Dourados, Ederson Salinas foi ligado à execução do jornalista Lourenço Veras, o Leo, ocorrida em Pedro Juan Caballero no dia 13 de fevereiro de 2020. Conforme a polícia paraguaia, Salinas teria ordenado o assassinato por suspeitar que o jornalista tivesse alertado policiais brasileiros sobre sua identidade falsa. A morte de Leo Veras nunca foi esclarecida.