Depois de mais de 2 anos de espera, deve ocorrer nesta quarta-feira (23) o julgamento do delegado Fernando Araújo da Cruz Junior, acusado do homicídio do boliviano Alfredo Rangel Weber.
O crime aconteceu em 23 de abril de 2019 e os episódios que envolveram o caso são intrigantes, uma vez que a consumação da morte do boliviano teria sido dentro de uma ambulância a caminho do hoptial.
O processo tramita na 1ª Vara Criminal de Corumbá, mas como o delegado está preso na 3ª Delegacia de Polícia Civil de Campo Grande, deve participar por meio de videoconferência.
O réu foi intimado por meio de carta precatória, expedida pelo juiz André Luiz Monteiro, para participar da sessão de julgamento pelo tribunal do júri, por videoconferência, às 7h30. Assim, Fernando Araújo será escoltado da delegacia até o Fórum em Campo Grande, de onde participa do julgamento.
O júri foi inicialmente marcado para abril, mas como a defesa tentou recurso, pode acontecer nesta quarta-feira.
O CASO
O boliviano Alfredo Rangel Weber foi esfaqueado em uma festa em 23 de fevereiro de 2019 e depois socorrido, sendo levado de ambulância para Corumbá. Conforme apurado pela polícia, o delegado Fernando interceptou a ambulância e o matou a tiros antes de chegar ao hospital.
No entanto, a autoridade policial achou que não havia testemunhas do crime e foi pega de surpresa quando informada pelo investigador Emmanuel Contis de que a irmã da vítima estava na ambulância e viu o assassinato.
Em meio à trama do homicídio, testemunhas foram coagidas sendo uma delas o motorista da ambulância, que teve como advogada a mulher de Fernando. No entanto, o que o casal não esperava era que policiais bolivianos e até um promotor usassem de chantagem para extorquir os dois, com pedido de R$ 100 mil para que não implicassem o delegado ao assassinato.
Na tentativa de encobrir os rastros do crime, até execuções dos policiais e delegados que estavam investigando o caso foram arquitetadas por Fernando e Emmanuel, que informava ao delegado todos os passos das investigações.
Fernando e Emmanuel foram presos em 29 de março daquele ano, em ação da DEH (Delegacia Especializada de Homicídios) e Garras (Delegacia Especializada em Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros). A nova denúncia de ameaças foi registrada em setembro de 2020, com o delegado já preso.
Segundo as vítimas, mesmo detido ele teria tentado ordenar a execução dos colegas de trabalho. O caso segue em investigação e serão realizadas audiências.