Que o Shopping Bosque dos Ipês até hoje não decolou é sabido (e sentido) por todos.
Prejudicado pela localização, no extremo norte da capital, o Shopping já ganhou apelidos irônicos nas redes sociais como “Lost dos Ipês” ou “Shopping de Jaraguari” e tem sofrido com a perda de lojistas que estão abandonando o empreendimento por conta das baixas vendas e o fraco movimento de consumidores.
Grandes redes, que possuem lojas lá, também se debruçam nos números reais (e não em relatórios fantasiosos), sempre reavaliando o desempenho, e não será surpresa para ninguém os fechamentos que ainda acontecerão nos próximos meses aqui e em outros shoppings pelo Brasil.
É certo que o Bosque têm atraído público nos shows noturnos terceirizados e eventos na praça, porém isso é bem eventual e os lojistas não percebem qualquer impacto positivo no que é o objetivo do negócio: vendas.
É geral o sentimento de que o Bosque já atraiu consumidores e que isto está minguando dia após dia.
Sofrem lojistas. Sofrem vendedores que são comissionados. Agoniza o negócio. Perde o mercado.
E para piorar, segundo estudo publicado no Estadão do último domingo, 03/04, ele se enquadra ‘numa nova categoria de shopping centers que se espalhou pelo Brasil nos últimos anos, com praças de alimentação vazias e tapumes no lugar de vitrines. São os shoppings “fantasmas”‘.
O estudo, feito pelo Ibope Inteligência e Alshop, Associação dos Lojistas de Shoppings, mostra ainda que diversos shoppings em situação de alta vacância estão reduzindo aluguéis e até deixando de cobrar para segurar os lojistas.
É, mas nem isso adianta, pois a baixas vendas não justificam os custos e o esforço de manter-se em empreendimentos sem fluxo de negócios, seja onde for.
GOVERNO MS NÃO VÊ FANTASMAS
Paralelo a isso, o Governo do Estado de MS recentemente inaugurou uma unidade do Fácil, central de serviços, distante apenas 5,5 km do Prático já existente na Coronel Antonino, junto ao Terminal General Osório.
Um investimento nitidamente injustificável, que envolveu um contrato de R$ 2,5 milhões em aluguel com dinheiro público.
Além disso, considerando os números de atendimentos previstos pelo Governo do Estado (3 mil/dia) isso garantiria ao Bosque dos Ipês um faturamento em torno de R$ 3,6 milhões/ano em estacionamento, beneficiando o empreendedor.
Assim é fácil.
Porém, entre os lojistas consultados pela nossa reportagem, existe incredulidade de que se atinja esses números de atendimento ou ainda que esse fluxo reverta em negócios para as lojas existentes lá.
Se o argumento é de facilidade para os cidadãos, vale lembrar que 16 linhas de ônibus (e centenas de horários) atendem o Prático Coronel Antonino, enquanto somente 3 chegam até o Bosque dos Ipês. E o atendimento da unidade se dá apenas nos dias úteis, quando o movimento no Shopping não é representativo, conforme os próprios lojistas.
Facilidade bem relativa esta.
Apesar do empreendimento pertencer ao Senador Tasso Jereissati, do PSDB do Ceará, coincidentemente o mesmo partido do Governador Reinaldo Azambuja, argumenta-se que a decisão foi técnica, baseada em pesquisa.
Que pesquisa seria essa?
A mesma que identificou a localização do Shopping como ideal?
Enquanto isso, regiões como a Julio de Castilho, com altíssima densidade populacional, não conta com tais facilidades.
Os fantasmas estão aí, para quem quiser ver.