Presos desde 20 de julho deste ano no Centro de Triagem de Campo Grande, o ex-governador André Puccinelli, seu filho, André Puccinelli Júnior, e os demais detidos durante as diversas fases da Operação Lama Asfáltica – o poderoso empresário João Amorim e o ex-deputado federal Edson Giroto -, já entraram em desespero.
Afinal, estamos a menos de 15 dias para o Natal e a 20 dias para o Ano Novo e o risco de passarem as festas de fim de ano atrás das grades é real e muito provável. O ex-governador, seu filho e os demais envolvidos estão presos há mais de quatro meses acusados de ocultar provas da Polícia Federal e manter a prática dos crimes de lavagem de dinheiro por meio do Instituto Ícone Ensino Jurídico.
Nos inúmeros pedidos de habeas corpus negados pela Justiça, um dos argumentos é a persistência da prática dos crimes de lavagem de dinheiro por meio do Instituto Ícone mesmo após a deflagração da Operação Papiros de Lama, a 5ª fase da Lama Asfáltica.
O outro é a ocultação de provas contra o ex-governador na quitinete alugada no Indubrasil, pois, para a Justiça, as medidas cautelares não foram suficientes para impedir a prática dos crimes por André Puccinelli. As restrições foram impostadas desde a Operação Máquinas de Lama, em maio de 2017, quando o emedebista se viu obrigado a usar tornozeleira eletrônica por uma semana.
Já o poderoso empresário João Amorim, acusado de ser um dos donos da Solurb, e o ex-deputado federal Edson Giroto estão presos há quase seis meses. Eles tiveram a prisão preventiva decretada pelo ministro Alexandre de Moraes, relator da Operação Lama Asfáltica no Supremo Tribunal Federal.
Ameaça velada
Apesar de negado pelo ex-governador, a ex-primeira-dama de Campo Grande e do Estado, Elizabeth Puccinelli, andou ameaçando fazer delação premiada se o marido não for solto até o fim deste ano. De acordo com o jornalista Lauro Jardim, colunista do jornal O Globo, o recado tem sido enviado a vários políticos de Brasília (DF).
Acusado de chefiar organização criminosa, réu em duas ações penais e de causar prejuízo de mais de R$ 500 milhões aos cofres estaduais, o ex-governador está preso desde 20 de julho deste ano. A prisão preventiva foi decretada na Operação Lama Asfáltica pelo juiz Bruno Cezar da Cunha Teixeira, da 3ª Vara Federal de Campo Grande.
O habeas corpus do ex-governador já foi negado em várias ocasiões pelo Tribunal Regional Federal da 3ª Região e pelo Superior Tribunal de Justiça. A ex-primeira-dama é citada pelo colunista Lauro Jardim. “Em resumo, se o marido não sair da cadeia até 31 de dezembro, ela fará delação premiada”, escreveu o jornalista. As ameaças contrariam o perfil de dona Beth, famosa pelo perfil discreto.
“Sempre que a mulher de Puccinelli tem essas conversas, a orelha de Carlos Marun arde”, diz Jardim. Aqui aparece outra contradição, já que Marun nunca abandonou o ex-governador e até o visitou na prisão em mais de uma ocasião.
O ministro da Secretaria de Governo até manifestou, em mais de uma ocasião, tristeza e desolação pela manutenção da prisão do ex-governador. Por outro lado, a nota não pode ser desprezada. Algo parecido ocorreu com o ex-senador Delcídio do Amaral (PTC), quando permaneceu preso por determinação do STF. Na ocasião, jornais começaram a publicar notas de que a esposa, Maika Amaral, pressionou o marido para fazer delação. Delcídio acabou firmando acordo de colaboração premiada com o MPF.
A eventual delação premiada de dona Beth teria efeito de bomba atômica sobre a classe política que sobreviveu ao fenômeno Jair Bolsonaro (PSL) nas urnas. Ela e o marido foram os principais protagonistas da política regional por duas décadas e podem revelar muita coisa, ruim, sobre os bastidores e comprometer antigos aliados. A principal pergunta é quem sobreviverá politicamente a delação, que sem exagero, poderia ser classificada de fim do mundo.
Vai vendo!!!