A juíza Alicia Pedrozo ordenou que a extradição de Marcelo Fernando Pinheiro Veiga, mais conhecido como “Marcelo Piloto”, do Paraguai para o Brasil só será diferida após o traficante resolver as pendências judiciais no país vizinho. Ele é exigido pela Justiça do Brasil para cumprir uma pena de 26 anos e quatro meses de prisão por um assalto que resultou em morte e roubo agravado proferida pelo Tribunal de Execuções Criminais do Rio de Janeiro, a cargo do juiz Rafael Estrela Nobrega.
Antes da extradição, ele deve cumprir dois processos no Paraguai. Um dele é no distrito judicial do Alto Paraná, onde a Justiça, a pedido do Ministério Público, decidiu pela prisão de Marcelo Piloto em um caso de homicídio doloso. No entanto, parentes da vítima apelaram e o julgamento será levado à Câmara de Apelações.
O outro caso tem a ver com sua prisão por agentes da Senad (Secretaria Nacional Antidrogas do Paraguai), em 13 de dezembro de 2017, no Bairro Arroyo Porã, no Distrito de Cambyretá, Departamento de Itapúa. Ele foi acusado de violar a lei das armas.
O narcotraficante é considerado um dos líderes do Comando Vermelho (CV), a principal organização criminosa do Rio de Janeiro, e responsável pelo fornecimento de drogas e armas de fogo aos grupos que controlam várias das maiores favelas, segundo os pesquisadores. Desde fevereiro passado fala-se da possibilidade de um resgate de Marcelo Piloto.
Naquele mês, Piloto foi transferido da cadeia regional de Emboscada para o Grupo Especializado. Foi depois que se soube da informação que havia um plano para resgatá-lo. Tudo isso surgiu de uma operação no município de Seropédica (sul do estado do Rio de Janeiro), onde policiais embarcaram em um ônibus que estava destinado à cidade de Foz do Iguaçu e prenderam pessoas suspeitas de planejar o resgate.
Em 4 de outubro, outro plano de resgate foi abortado por invadir uma casa, apreendendo um arsenal e prendendo cinco brasileiros, incluindo a namorada de Marcelo Piloto. Na última quarta-feira (24), uma operação realizada pela Polícia Nacional terminou com três outros cidadãos falecidos e permitiu a descoberta, em uma casa de Presidente Franco, de dois veículos, um deles transformado em um carro-bomba.
Caso semelhante ao de Pavão
Situação semelhante ocorreu com Jarvis Chimenes Pavão, que foi extraditado para o Brasil após cumprir pena de oito anos de prisão no Paraguai. Jarvis foi preso em seu rancho Yby Yaú em 2010. Em março de 2011, o então juiz Hugo Sosa Pasmor (atual vice-ministro da Segurança) decidiu que o caso deveria ser levado a julgamento oral e público.
Chimenes Pavão foi processado em nosso país por lavagem de dinheiro, associação criminosa e violação da lei de armas, como autor. O então procurador Francisco de Vargas pediu para anular a resolução para que Jarvis fosse extraditado para o Brasil, mas a Suprema Corte rejeitou o pedido.