Ao contrário do que o juiz federal aposentado Odilon de Oliveira, candidato a governador pelo PDT, vem pregando nos quatro cantos de Mato Grosso do Sul de que apoia à candidatura de Jair Bolsonaro (PSL) à Presidência da República, o presidente nacional da legenda do Juizão, Carlos Lupi, prepara uma ação para pedir à Justiça Eleitoral a nulidade das eleições deste ano após as denúncias de práticas ilícitas no uso de redes sociais por parte da campanha do capitão do Exército e deputado federal.
Em razão do pleito deste ano, Odilon de Oliveira tornou-se o principal representante do PDT no Estado e foi cooptado para ser o candidato a governador pelas “raposas velhas” João Leite Schimidt, que é ex-presidente regional do partido, e pelo deputado federal reeleito Dagoberto Nogueira (PDT/MS). Além disso, apesar de pregar o combate à corrupção, escolheu para se candidatar uma sigla comandada nacionalmente por Carlos Lupi, que é réu por improbidade administrativa em processo que tramita na 6ª Vara da Justiça Federal em Brasília.
Ele também é investigado em um inquérito que apura os crimes de peculato, lavagem de dinheiro e caixa 2 eleitoral por suposta venda de apoio político para a campanha eleitoral de Dilma Rousseff em 2014. Esse inquérito foi aberto no Supremo Tribunal Federal e agora tramita no Tribunal Regional da 3ª Região (TRF-3). O presidente do PDT é ainda citado na delação de Carlos Miranda, apontado pela Justiça como operador do esquema financeiro chefiado pelo ex-governador Sérgio Cabral.
Guerra a Bolsonaro
Na contramão do discurso de Odilon de Oliveira, Lupi, cujo partido teve o candidato Ciro Gomes em 3º lugar no 1º turno da disputa pelo Palácio do Planalto, comunicou que a equipe jurídica do PDT ainda estuda a forma e o conteúdo da peça a ser apresentada ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). “Estamos preparando uma ação. Ainda não está pronta, o jurídico está examinando o termo exato e por isso ainda não soltei”, disse.
Reportagem do jornal Folha de São Paulo desta quinta-feira (18) apontou práticas ilícitas no uso de redes sociais por parte da campanha do candidato do PSL à Presidência. O jornal afirma que empresários têm bancado a compra de distribuição de mensagens contra o PT e a favor de Bolsonaro por WhatsApp, em uma prática que se chama pacote de disparos em massa de mensagens, e estariam preparando uma operação para a próxima semana, antes do segundo turno.
Adversário de Bolsonaro no 2º turno da disputa pelo Palácio do Planalto, o candidato do PT, Fernando Haddad, acusou Bolsonaro de criar uma “verdadeira organização criminosa com empresários que, mediante caixa dois, dinheiro sujo, estão patrocinando mensagens mentirosas no WhatsApp”. O PT entrou com um pedido para que a Polícia Federal investigue a utilização deliberada de notícias sabidamente falsas (as “fake news”), doação não declarada de verbas do exterior, propaganda eleitoral paga na internet e, por fim, a utilização indevida do WhatsApp.
A campanha de Bolsonaro não se manifestou de imediato sobre as denúncias, mas um dos filhos do presidenciável disse em mensagem no Twitter que o jornal e o PT contam meias-verdades ou mentiras descontextualizadas. “Vão perder a boquinha que o partido mais corrupto do Brasil bancou ao longo de seu tempo no poder!”, escreveu o vereador Carlos Bolsonaro. Bolsonaro lidera as intenções de votos para o 2º turno da disputa presidencial com 59% dos votos válidos, de acordo com a mais recente pesquisa Ibope, enquanto Haddad aparece com 41%.