A “Medalha do Mérito” da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul é concedida anualmente às autoridades civis e militares do Estado por terem prestado relevantes serviços à corporação. No entanto, neste ano, o comandante-geral da PM, coronel PM Waldir Ribeiro Acosta, deixa a desejar nesse quesito e vai conceder a honraria ao seu irmão, o professor Waldemir Ribeiro Acosta, que foi preso em 2013 tentando fraudar a prova do concurso da Polícia Civil em Campo Grande, e ao advogado Marcelo Monteiro Salomão, que foi exonerado no mês passado do cargo de superintendente do Procon-MS (Superintendência para Orientação e Defesa do Consumidor) em razão do crime de nepotismo.
No caso de Waldemir Ribeiro Acosta, a concessão da Medalha do Mérito da PM é uma afronta a tudo que a honraria representa, afinal de contas o “homenageado” já foi preso e, pior ainda, cometendo um crime contra uma força da Polícia. Para quem não sabe, em 20 de outubro de 2013, ele e os irmãos gêmeos Diogo Feliciano Rodrigues e Thiago Feliciano Rodrigues foram presos por tentativa de fraudar a prova do concurso da Polícia Civil. Os irmãos recebiam do professor respostas da prova via mensagem de texto quando realizavam a prova na Uniderp Anhanguera.
Conforme informações de testemunhas que realizaram provas na Uniderp, os dois saíram em uma viatura do Garras. Os gêmeos estavam sendo investigados, uma vez que já haviam sido flagrados tentando fraudar o concurso da Polícia Militar no início de outubro de 2013. Na época, a delegada da Dedfaz (Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes de Defraudações, Falsificações, Falimentares e Fazendários), Ariene Murad Cury, informou que os irmãos estavam sendo monitorados desde o início de outubro porque já tinham sido flagrados tentando fraudar o concurso da Polícia Militar.
Conforme a delegada, os gêmeos contrataram o professor Waldemir Ribeiro Acosta, que tinha a inscrição paga pelos irmãos, para fazer a prova e sair no primeiro horário, levando o caderno de questões. De posse desse caderno, Waldemir Acosta transmitia as respostas do concurso via SMS por celular. O flagrante da tentativa de fraude foi feito durante a prova. A delegada conta que os gêmeos usavam apenas as carcaças dos aparelhos, sem bateria e sem teclado, para ficarem fininhos e não serem percebidos. Os telefones foram pegos escondidos nas mangas das camisas usadas pelos suspeitos. Os dois irmãos e o professor foram enquadrados pelo crime de fraude em certame de interesse público.
Já o advogado Marcelo Monteiro Salomão foi exonerado do cargo de superintendente do Procon-MS por determinação do juiz Alexandre Ito, que atendeu pedido feito pelo MPE em razão de o advogado ser genro da secretária estadual de Educação, Maria Cecília Amêndola da Mota. Conforme a decisão, o Estado teria de afastar Salomão imediatamente do cargo “com o consequente corte do pagamento de sua respectiva remuneração”. A alegação da 30ª Promotoria de Justiça do Patrimônio Público de Campo Grande é de que Salomão, casado com a filha da secretária, exerce cargo em comissão na mesma “pessoa jurídica de direito público” em que está a sogra Maria Cecília.
Segundo as investigações, Marcelo foi nomeado para o exercício do cargo em comissão de Direção Superior e Assessoramento na Sedhast (Secretaria de Estado de Direitos Humanos, Assistência Social e Trabalho), posteriormente designado à função de Superintendente da Superintendência de Orientação e Defesa do Consumidor e cargo na própria SED (Secretaria Estadual de Educação). Na Justiça, a promotoria pedia que o Governo do Estado exonere Marcelo Salomão por nepotismo e caso seja descumprida a determinação, uma multa de R$ 1 mil por dia, a ser paga pelo próprio gestor público.