A situação processual do doleiro brasileiro Dario Messer está ficando cada vez mais complicada. Agora, ex-funcionários da construtora Odebrecht confessou que o “doleiro dos doleiros” e “irmão espiritual” do presidente Horacio Cartes movimentou pelo menos US$ 300 milhões para a empresa, que é acusada de ter pago subornos milionários no Brasil e quase toda a região para obter contratos com os governos.
Dario Messer teria “lavado” os valores milionários para a Odebrecht por pelo menos quatro anos. Até o momento, a relação entre ele e a empresa que faz parte do escândalo Lava Jato era pouco conhecida. Nas declarações de 2017 dos 78 funcionários da Odebrecht que aceitaram a delação premiada, Messer foi ligeiramente mencionado. Luis Eduardo Soares, ex-diretor da empresa, relatou que a empresa criou na última década a divisão de Operações Estruturadas porque a Messer não pôde trabalhar com eles.
As denúncias do Ministério Público brasileiro baseiam-se, em grande parte, nas declarações de Vinicius Claret e Cláudio Barboza de Souza, apresentados como subordinados da Messer. Foram precisamente eles que relataram que o relacionamento entre o doleiro e a Odebrechet durou até 2015, quando os primeiros gerentes da construtora caíram no caso Lava Jato.
Em apenas uma das contas operadas pela Messer para a Odebrecht e que foi inaugurada no Panamá tinham cerca de US$ 104 milhões. Os documentos à disposição do Ministério Público brasileiro até revelam que Messer visitou os escritórios da Odebrecht em 2012 e foi recebido pelo executivo Marcos Grillo, que mais tarde se tornaria informante dos investigadores da Lava Jato. Segundo Claret e Barboza de Souza, a Odebrecht transferiu dinheiro para contas ao exterior para as operadoras receberem em dinheiro no Brasil. É aí que o esquema de cambistas liderado por Dario Messer entrou em jogo.
Ainda foragido
Passados dois meses e 13 dias da expedição do mandado de prisão internacional contra Dario Messer por lavagem de dinheiro, o doleiro continua foragido e as autoridades praticamente abandonaram as buscas. Em 3 de maio, a Interpol começou a busca internacional por Messer, que é procurado pela Justiça do Brasil por uma lavagem de dinheiro que deve alcançar um valor de US$ 1,6 bilhão.
Dias depois, após a pressão da mídia, a Justiça paraguaia emitiu um mandado de prisão em todo o país e começou uma busca “intensa” que terminou em poucos dias e até agora o paradeiro do suspeito é desconhecido. O fugitivo Dario Messer montou no Paraguai um esquema de lavagem de dinheiro com a compra de terras e gado. Ele é considerado o “doleiro dos doleiros” e também está envolvido no escândalo de corrupção brasileira conhecido como Lava Jato, com um pedido de extradição da justiça brasileira.
No Paraguai, desde 2011, a Messer criou pelo menos quatro empresas: a Chai S/A, a Matrix Realty S/A, a Mazal Group S/A e a Gramonte S/A. De fato, em várias dessas empresas ele tinha como sócio o primo do presidente da República, Juan Pablo Jiménez Viveros, e sua mãe, Juana de Jesús Viveros Cartes.
Usando suas empresas e parceiros comerciais, a Messer adquiriu um total de 152 propriedades em todo o território nacional. Seus edifícios atingem uma área total de mais de 103 mil hectares, quase dez vezes a superfície de Assunção. Suas fazendas estão assentadas em terras desejadas, como as do Chaco ou da região de Paraguarí, e teriam pelo menos 12 mil cabeças de gado.