Pavão deixou discípulos: Presídio do Paraguai continua mantendo celas “VIPs” para narcotraficantes

Em agosto de 2016, a Promotoria de Justiça do Paraguai interveio na prisão de Tacumbú, localizada em Assunção, capital paraguaia, após a descoberta de que o narcotraficante brasileiro Jarvis Chimenes Pavão matinha no presídio celas luxuosas, com direito a camas de hotéis 5 estrelas, aparelhos de televisão de última geração, entre outros confortos que somente milionários teriam como manter.

Na época, as autoridades do Paraguai prometeram destruir as celas “VIPs” e Jarvis Chimenes Pavão chegou a ser transferido para outra unidade de segurança. Porém, passados dois anos, a Promotoria de Justiça descobriu que as regalias aos presos mais “abastados” continua no Presídio.

A primeira intervenção do Ministério Público do Paraguai no Presídio foi no dia 5 de agosto de 2016, quando os promotores de Justiça Igor Cáceres e Pamela Pérez foram até Tacumbú e descobriram 22 celas de luxo na Penitenciária Nacional.

A investigação do MP descobriu que Jarvis Chimenes Pavão, que já foi extraditado para o Brasil, era o responsável pela manutenção das celas luxo e, para isso, subornava de carcereiros ao diretor do presídio e até mesmo o Ministério da Justiça.

 

Quase dois anos depois

Quase dois anos após a intervenção do Ministério Público, uma equipe de jornal ABC Coler confirmou que as celas “VIPs” ainda existem em Tacumbú e que presos com poder econômico, entre eles, vários condenados por tráfico de drogas, estão “hospedados” nelas.

Nessas celas, que têm todas as comodidades de um hotel 5 estrelas, só é possível ficar que paga uma grande soma de dinheiro aos carcereiros. Nelas, os internos têm uma cama confortável, lençóis, cobertores e móveis, onde os presos guardam suas toalhas, cobertores, roupas etc.

 

Televisão e fita

Também pudemos observar que eles têm televisores e até mesmo uma esteira para fazer atividades físicas com privacidade. Os reclusos neste setor não têm contatos com outros presos, os chamados “pasilleros”, que são aproximadamente 800 homens, a maioria viciada, vivendo em condições desumanas sob um galpão.

A Penitenciária Tacumbú abriga 3.300 presos distribuídos em diferentes pavilhões, mas nenhum é igual à área VIP, onde os presos mais “abastados” têm direito a uma boa refeição preparada por pessoas especializadas e em cozinhas bem equipadas, como você pode ser ver nas fotos.

As celas de luxo continuam a ser um grande negócio em Tacumbú até hoje, apesar da intervenção do Ministério Público, cuja investigação teria continuado depois da saída de Pavão. Essa impunidade é o que encoraja a continuação das negociações, não só nessa prisão, mas em todas as prisões do país vizinho.