O jornal paraguaio ABC Color traz, na edição desta terça-feira (03), uma reportagem com uma grave acusação contra o juiz federal aposentado Odilon de Oliveira, que é pré-candidato a governador de Mato Grosso do Sul. Na matéria, o magistrado é acusado por seus rivais políticos de ter favorecido o narcotraficante paraguaio Carlos Rubén Sánchez Garcete, mais conhecido como “Chicharõ”.
Na reportagem, o ABC Color classifica Odilon de Oliveira como o juiz federal mais representativos do sistema judicial do Brasil por suas inúmeras sentenças contra os figurões do tráfico de drogas na fronteira. Ainda conforme o jornal, o magistrado aposentado teria recebido uma grande soma de dinheiro para limpar a ficha criminal do político do Partido Colorado na cidade paraguaia de Capitán Bado, onde “Chicharõ” mora.
O traficante já foi preso duas vezes no Paraguai por traficar drogas para o Brasil, onde também foi condenador pelo crime de lavagem de dinheiro. Porém, mais tarde, sua pena foi reduzida consideravelmente pelo juiz Oliveira, que era o magistrado encarregado pela Vara Federal que julga esse tipo de crime.
Segundo declarações do político brasileiro Ademir Cesar Matosso, do MDB de Ponta Porã, ao jornal ABC Color, há várias ações questionáveis e conexões do juiz federal aposentado com o crime organizado na fronteira. Entre eles, o político citou com precisão os supostos vínculos de Odilon com “Chicharõ”.
Esses contatos teriam sido realizados pelos filhos de Odilon de Oliveira, ambos advogados, que foram até o Paraguai para “negociar” com o “político” da Capitán Bado. Os opositores políticos de Odilon revelaram ao jornal que, coincidentemente, depois desses supostos encontros entre “Chicharõ” e os filhos de Odilon de Oliveira, o magistrado emitiu uma resolução sugerindo a retirada do pedido extradição do traficante para o Brasil em 2014.
Mesmo com os crimes atribuído a “Chicharõ”, o então juiz federal concedeu-lhe a possibilidade de cumprir sua sentença em território paraguaio. Em uma carta enviada às autoridades paraguaias, Odilon de Oliveira gentilmente registrou que “a transferência dele para o Brasil para cumprir o restante de sua sentença em regime aberto significaria a geração de problemas, tanto para sua família residente no Paraguai, quanto para os seus negócios em Capitán Bado. Insisto que o crime dele não é tráfico de drogas, mas lavagem de dinheiro”.
Mais impressionante ainda era que, para justificar o seu apoio a “Chicharõ”, Odilon de Oliveira apropriou erroneamente na sua resolução que “a lei paraguaia não permite a extradição de seus cidadãos”, o que não é verdade. Isto é, “Chicharõ” poderia ter sido extraditado se o juiz assim o solicitasse, mas o caso permaneceu parado.
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