Uma operação realizada pela Polícia Federal de Mato Grosso do Sul desarticulou quadrilha apontada como principal fornecedora de maconha para a facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital). Batizada de “Operação Laços de Família”, a ação policial descobriu que o grupo era comandado pelo subtenente PM Silvio César Molina Azevedo, de Mundo Novo (MS), que recebia valores milionários, joias e até veículos de luxo como pagamento pela droga entregue aos criminosos.
Com características de máfia e com forte vínculo com a maior facção criminosa do Brasil, a quadrilha passou a ser investigada em 2015 e, conforme o delegado Nilson Zoccarato, da Delegacia de Polícia Federal de Naviraí, foi justamente a ostentação dos integrantes em Mundo Novo que chamou a atenção da Polícia.
As equipes da PF foram às ruas de 5 Estados para cumprir 210 mandados de prisão, apreensão e sequestro de bens, sendo que 21 pessoas foram presas, 15 delas em Mato Grosso do Sul – 2 mulheres e 12 homens, sendo 2 presos temporários e 10 homens presos preventivamente.
Em três anos de investigações, os agentes conseguiram interceptar mais de 27 toneladas de maconha que seriam entregues para a facção e identificaram os líderes do grupo, todas da mesma família. “A estrutura de clã, uma família toda estar dominando um grande ramo de tráfico internacional numa cidade tão pequena e com vínculos com facções criminosas, mostra que falamos de máfia”, reforçou o delegado.
Conforme as investigações, a base do grupo funcionava em Mundo Novo, de onde o subtenente PM Silvio César Molina Azevedo coordenava os crimes. Ele e o filho, Jefferson Henrique Piovezan Azevedo Molina, que foi assassinado a tiros em junho de 2017 no centro da cidade, foram apontados como os líderes do esquema.
De acordo com o superintendente da Polícia Federal em Mato Grosso do Sul, Luciano Flores de Lima, a família “mantinham o terror” e usavam a região cone sul do Estado para retirar toneladas de maconha do Paraguai e enviar para outros Estados. O transporte da droga era feito em caminhões e carretas bitrem, por rodovias estaduais e federais.
Durante as investigações 11 veículos de carga e uma carreta foram apreendidos, todos usados no transporte de maconha. Ainda conforme a polícia, a família também “trabalhava” com a venda de cigarro e armas. Sem ter como repassar todo o valor da carga, os traficantes pagavam parte da droga em joias e veículos. Em um dos casos, um helicóptero chegou a ser usado para entregar R$ 300 mil em dinheiro e mais R$ 80 mil em joias para a família do Policial Militar. A aeronave acabou sendo interceptada com o piloto Felipe Ramos Moraes, apontado como coordenador das rotas de tráfico aéreo do PCC.
Felipe foi preso maio deste ano por participação na execução de Rogério Jeremias de Simone, o Gegê do Mangue, e Fabiano Alves de Souza, o Paca, apontados como as maiores lideranças da facção paulista no Ceará. O helicóptero usado no crime, segundo a polícia, está entre as sete aeronaves apreendidas durante a operação.