A vida não está nada fácil para o ex-governador André Puccinelli, pré-candidato ao Governo pelo MDB.
Com seu staff de primeiro escalão todo na cadeia, leia-se Edson Giroto, João Amorim e Beto Mariano, o “capô” não teve alternativa e colocou seus ex-assessores para correrem atrás de empreiteiros na tentativa de consolidar um mínimo de apoio para dar o start numa eventual campanha.
Uma das emissárias que está com a função de abrir caminho é a ex-coordenadora Administrativa e Financeira da Agesul – Maria Wilma Casanova.
A missão de Casanova não é nada fácil. Em época de crise e quando as empresas não podem mais doar para as campanhas eleitorais, André determina que a ex-assessora que já esteve próxima às empreiteiras para fazer a aproximação.
Um dos trunfos que teria na manga, segundo o próprio André, seria uma pesquisa de opinião pública que o colocaria em primeiro na corrida eleitoral.
Pesquisa de casa é muito pouco para essa suposta arrancada, uma vez que grande parte dos institutos que fazem esse tipo de apuração estão desacreditados errando prognósticos e, consequentemente, os resultados.
JÁ FOI DETIDA
Detida junto com o ex-secretário de obras, Edson Giroto, a ex-diretora da Agesul, Maria Wilma Casanova Rosa, é apontada pela PF (Polícia Federal) como responsável por aprovar e ‘acelerar’ os pagamentos de medições superfaturadas que beneficiava a empresa Proteco Construções Ltda, do empresário João Amorim.
Maria Casanova figura entre as nove pessoas que tiveram a prisão temporária decretada a pedido do Ministério Público Estadual, por meio da Força-Tarefa que apura eventuais irregularidades ligadas às denúncias realizadas pela PF através da Operação Lama Asfáltica em 2016. Ela chegou a ser liberada da prisão, mas acabou retornando à sede do Garras depois que a Justiça cassou seu pedido de Habeas Corpus.
Para a Polícia Federal, a ex-presidente da Agesul, ao lado do ex-prefeito de Paranaíba, Wilson Roberto Mariano de Oliveira, conhecido como Beto Mariano, e o engenheiro Helio Yudi, seria responsável por causar dolo ao Estado, no direcionamento da licitação e superfaturar os recursos públicos federais encaminhados pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para as obras realizadas na MS-430.
Segundo o inquérito da Polícia Federal, a Controladoria-Geral da União informou que, no processo para desenvolver a obra, várias empresas foram inabilitadas nas licitações por ausências de documentos. ´Inclusive na Concorrência Nº 05/2013, houve oito empresas participantes, mas a única habilitada foi a Proteco. Tal licitação foi homologada em 15/04/2013 pela Diretora Presidente da Agesul Maria Wilma Casanova Rosa, sendo o contrato assinado por ela e por João Amorim’.
A CGU constatou superfaturamento no contrato 075/2013 referente aos kms 32 ao 42 da rodovia MS-430, no valor de R$ 680.313,81, em decorrência de contratação de serviços a preços acima dos parâmetros de mercado. Houve ainda, ‘prejuízo em potencial de R$ 1.742.542,66 na execução dos serviços relacionados ao plantio de gramas como prejuízo ao erário. Na rodovia MS-430, lote 2, decorrentes de superfaturamento quantitativo, com pagamentos indevidos por serviços não realizados’.
O mesmo órgão ainda constatou que houve também ‘superfaturamento de R$ 238.386,56 decorrente de inexecução de serviços, por não terem sido localizados bueiros nos marcos apontados no processo nem em seus arredores’.
Força Tarefa – No caso desta investigação, que é um braço da Operação Lama Asfáltica, a ex-diretora está envolvida de participar de uma organização criminosa que seria supostamente liderada pelo empresário João Amorim e seu braço-direito, Elza Amaral. Os dois estão em regime de prisão temporária, porém, somente Amorim segue preso na sede da Denar. Elza cumpre a detenção em regime domiciliar por causa de uma gravidez de risco, enquanto os demais envolvidos estão espalhados em diversas delegacias especiais da Polícia Civil.
Conforme o juiz Carlos Alberto Garcete, que decretou a prisão temporária de nove pessoas, o material apresentado pelo Ministério Público justifica, sem sombra de dúvidas, a medida pleiteada. “Há farta documentação a indicar, prima facie, que, possivelmente, consolidou-se uma organização criminosa com objetivo de auferir vantagens ilícitas em contratos administrativos de obras e serviços com o Estado de Mato Grosso do Sul, consistente em falsificações de medições e outras ações escusas que objetiva receber por serviços não realizados ou realizados de forma insuficiente”.
A investigação é referente a licitação que ensejou o contrato pelo qual a empresa PROTECO tinha a obrigação de “recuperação da estrutura da faixa de rolamento da rodovia MS-228, com aplicação de revestimento primário e implantação de dispositivos de drenagens, numa extensão de 42 km – Local: Rodovia MS-228, entre Km 35,0 e Km 77,0, no município de Corumbá”. Estima-se que o prejuízo chega a R$ 2,9 milhões de um contrato avaliado em R$ 6,8 milhões assinado em 2014, último ano do governo de André Puccinelli, do PMDB.