Em novembro de 2016, o COAF (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) do Brasil alertou sobre as operações suspeitas do doleiro brasileiro Dario Messer ao seu homologo no Paraguai, porém, a entidade ignorou o relatório sobre o “irmão espiritual” do presidente da República, Horacio Cartes, e procurado pelas autoridades dos dois países por lavagem milionária de dinheiro.
A Seprelad, órgão semelhante ao Conselho de Controle de Atividades Financeiras do Brasil no Paraguai, recebeu a advertência na sua Diretoria de Análise Financeira, cujo o chefe era Óscar Boidanich. Apesar disso, o órgão fez vista grossa para os movimentos financeiros suspeitos, sendo que o próprio Boidanich confirmou no último dia 7 de maio ter recebido o alerta e pediu desculpas, dizendo que a entidade responsável não é um órgão de investigação.
Já um ano antes, mas também, em novembro de 2015, o mesmo Seprelad tinha ignorado um aviso emitido pelo Banco Nacional de Desenvolvimento (BNF) sobre movimentos suspeitos realizados por Dario Messer. No mesmo dia, o “doleiro dos doleiros” transferiu US$ 10 milhões de sua conta do BNF para a Puente Casa de Valores.
Como afirmado em documentos judiciais abertos contra Messer no Brasil, o COAF tinha encontrado movimentações financeiras milionárias, tanto de Messer, quanto de sua família que não tinham nada a ver com os rendimentos declarados. Por exemplo, Dan Wolf Messer, filho de Dario, movimentou R$ 1 milhão em apenas três dias em dezembro de 2013, mesmo tendo declarado uma renda de apenas R$ 1,2 mil por mês.
Rosane, esposa de Dario Messer, movimentou quase R$ 9 milhões, entre 2013 e 2014, conforme relatório do COAF, sendo que o nome da mulher do doleiro apareceu em relatórios Swiss Leaks, uma investigação jornalística internacional sobre contas secretas na Suíça.
A situação ainda é mais grave quando se considera que a Seprelad arquivou e cobriu-se de relatórios, mesmo depois de vir à tona a denúncia de 19 contas bancárias na Suíça ligada a Messer.
Se você levar em conta o relatório do COAF brasileiro de 2016, a Seprelad levou dois anos para denunciar os movimentos de Dario Messer. A omissão poderia ser maior se levarmos em conta que a BNF já reportou transações suspeitas em 2015.