Os senadores do Paraguai que integram a Frente Guasu vão criar, na próxima semana, uma comissão bicameral para investigar a cumplicidade entre o Supremo Tribunal Federal do país e o Poder Executivo com o fugitivo brasileiro Dario Messer, “irmão espiritual” do presidente da República, Horacio Cartes.
A proposta de criar a comissão parlamentar bicameral de inquérito foi apresentada pelos cinco senadores da Frente Guasu, incluindo o presidente do Senado, Fernando Lugo.
O texto afirma que a comissão parlamentar bicameral de inquérito agência investigará Dario Messer e “seus associados, que são acusados de lavagem de dinheiro e crimes relacionados”. A intenção é cria a comissão na próxima quinta-feira (17), mas a decisão final ficará a cargo da Mesa Diretora do Senado do Paraguai.
Na apresentação do senador Hugo Richer, ficou claro que o objetivo é descobrir se houve cumplicidade do presidente Horacio Cartes, autoridades do Judiciário e até do Congresso Nacional do Paraguai.
“Deixar na impunidade seria um crime”, disse o legislador, completando que é necessário descobrir se o presidente Cartes é “amigo, irmão ou cúmplice” do doleiro brasileiro. Ele ressaltou que todos os dias se descobre que ministros da Corte, parentes do presidente e funcionários do Governo do Paraguai agiram como “administradores e conselheiros” de Messer.
O senador disse que o dinheiro lavado pelo “irmão espiritual” de Horacio Cartes chegaria a cerca de US$ 30 milhões e acrescentou que a Messer também possui cerca de 40 mil hectares no Chaco paraguaio.
Com um discurso questionando o sistema financeiro capitalista e sua evolução “neoliberal” nos últimos anos, Hugo Richer acrescentou que a “máfia” está instalada no país e que sua presença nas instituições do Estado é cada vez mais palpável.
O senador refere-se ao fato de a carta de naturalização de Dario Messer ter sido solicitada em 25 de setembro de 2013, um mês após Horacio Cartes assumir a Presidência da República, mas tornou-se oficial em 27 de abril de 2017.