“Vôo da bondade” pode despencar e punição sobrar também para ocoronel PM chefe da Casa Militar

O Governo do Estado teria informado em documentos oficiais, já de posse do MPE (Ministério Público Estadual), que as duas viagens feitas de avião pelo ex-secretário estadual da Casa Civil, Sérgio de Paula, em junho do ano passado, com toda a família, tiveram caráter oficial. No entanto, de acordo com pessoas próximas ao ex-chefão da Casa Civil do Governo Reinaldo Azambuja, os dois voos teriam sido realizados para a cidade de Andradina, no interior de São Pulo, para o enterro e depois para a missa de 7º dia do pai do ex-secretário.

Agora mais um personagem aparece nessa história que pode responder também sobre a liberação do avião oficial, caso fique comprovado que a a aeronave usada é mesmo do Estado.

Para resolver esse “mistério”, o procurador-geral de Justiça Paulo Passos e o promotor de Justiça Humberto Lapa Ferri terão que desvendar durante o procedimento aberto oficialmente na semana passada. De acordo com informações divulgadas pelo site Midiamax, uma das primeiras ações do promotor de Justiça foi encaminhar um ofício à Coordenadoria Geral de Policiamento Aéreo do Governo em que solicita o plano de voo e diário de bordo da aeronave PREAP, fabricado pela Embraer, modelo EMB 110, aparelho que teria sido usado pelo ex-secretário.

No pedido, o promotor quis saber detalhes sobre o plano de voo nos dias 14 e 22 de julho do ano passado. Além disso, Ferri fez a seguinte pergunta ao chefe da Casa Militar, o coronel PM Nelson Antônio da Silva: “qual foi a agenda oficial cumprida pelo ex-secretário de Estado da Casa Civil no município de Andradina?”. No procedimento preparatório do MPE, aparece um ofício, o de nº 112, assinado pelo chefe da Casa Militar e encaminhado ao Superintendente de Políticas de Segurança Pública da Sejusp (Secretaria Estadual de Justiça e Segurança Pública), chefiado pelo coronel PM Luiz Carlos Garcia Gomes.

“Solicito a vossa senhoria providências no sentido de mandar agendar a aeronave Bandeirantes, fins de realizar o transporte do exmo. senhor secretário de Estado da Casa Civil, Sérgio de Paula, e comitiva, até o município de Andradina, no dia 22 de junho de 2016, com saída prevista para às 14h00, onde cumprirão agenda oficial com retorno previsto para a mesma data, ainda sem horário definido”.

Conforme documentos anexados ao procedimento, a nominada “comitiva” que acompanhou Sérgio de Paula para a “agenda oficial”, que, de fato, seria para assistir à missa de sétimo dia de morte do pai era, de novo, a família do ex-secretário. Ofício indicando o plano de voo do ex-secretário, cita que entraram no avião do governo do Estado, a mulher de De Paula, Shirley, os filhos do casal, Ana Caroline, Victor e Raphael, a nora Izabela de Paula e ainda Renan Sartori. O avião do Estado saiu de Campo Grande naquela tarde de 22 junho e retornou à noite, por volta das 22h30 minutos.

Por regra, o promotor Humberto Ferri tem 90 dias para concluir o procedimento preparatório, primeiro da investigação do MPE. Depois, ele define se instaura um inquérito e, na sequência, define se oferta ou não denúncia por improbidade administrativa contra o ex-secretário. Contudo, se o promotor entender que tem fortes indícios para incriminar Sérgio De Paula, ele pode ingressar direto com ação judicial contra o ex-secretário, desprezando as etapas do procedimento preparatório e do inquérito.