Vem mais podridão por aí. Puccinelli colocou R$ 2,7 mi no bolso fruto de extorsão, diz delator! Veja vídeo

A candidatura do ex-governador André Puccinelli (PMDB) ao Governo do Estado parece que subiu no telhado de vez. Isso porque o italiano foi denunciado pelo ex-executivo da Construtora Odebrecht, João Antônio Pacífico, em delação premiada, de que o então governador também foi beneficiado pelo departamento de propinas da empresa.

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João Amorim

Ele só aceitou pagar uma dívida do Estado com a empreiteira mediante o pagamento de 10% do valor como contribuição para a campanha à reeleição em 2010.

Isso é extorsão: ato de obrigar alguém a fazer ou deixar de fazer alguma coisa, por meio de ameaça ou violência, com a intenção de obter vantagem, recompensa, lucro.

No depoimento minucioso, Pacífico revela que R$ 2,340 milhões foram repassados ao empresário João Alberto Krampe Amorim dos Santos, dono da Proteco e tesoureiro informal das campanhas do peemedebista.

No entanto, pode ter mais podridão a caminho contra o ex-governador, que pode ter recebido mais dinheiro do que os R$ 2,3 milhões já informados, afinal de contas, ainda estão sob sigilo mais de 200 depoimentos.

Ontem o Jornal Nacional revelou que ainda existem mais de 200 delações que continuam sob sigilo. Isso significa que isso ainda é só o começo, ou seja, a ponta do iceberg.

Entenda a denúncia

O ex-secretário de Obras, Edson Giroto, aproveitou a negociação e acabou recebendo mais R$ 300 mil para a campanha de deputado federal. A delação começa com o ex-diretor revelando que a Odebrecht não tinha recebido todos os valores pendentes na gestão de Zeca do PT. O Governo de Mato Grosso do Sul ainda devia R$ 79 milhões quando André assumiu em 2007.

No entanto, as negociações só recomeçaram em 2010. Puccinelli só aceitou quitar a dívida com desconto de 70% do valor, que não era atualizado. Mesmo a contragosto, a empreiteira aceitou receber 30% do montante, que equivalia a R$ 23,4 milhões.

O peemedebista ainda propôs efetuar o pagamento em cinco parcelas de R$ 4,680 milhões. Contudo, surgiu um outro problema. De acordo com Pacífico, o então governador disse que precisava de apoio financeiro para a campanha à reeleição, quando ele enfrentou Zeca do PT.

Indicado por André para negociar a “ajuda”, Giroto acertou o pagamento de 10% do valor a ser desembolsado pelo Estado de Mato Grosso do Sul. Pacífico disse que analisou com a diretoria da Odebrecht e autorizou o pagamento através do famoso Setor de Operações Estruturadas, conhecido como departamento de propinas da construtora.

Puccinelli indicou o empresário João Amorim para receber o dinheiro para a campanha, que acabou sendo pago em quatro parcelas. “Era de confiança do governador e empresário famoso na cidade”, confidenciou o delator.

Ele contou que o dinheiro foi pago no início de setembro, antes do primeiro turno. No entanto, o Governo só pagou a primeira parcela em 23 de setembro de 2010. Toda a dívida acabou sendo quitada em janeiro de 2011, após Puccinelli ser empossado para o segundo mandato.

Neste momento da delação, Pacífico e os procuradores se confundem sobre quem assumiu em 2011, se Puccinelli ou Reinaldo Azambuja (PSDB). O tucano foi eleito em 2014.

Ele ainda conta que Giroto aproveitou a negociação para pedir R$ 300 mil para a sua campanha de deputado federal. Ao ser questionado pelo procurador, ele deixa claro que o valor foi pago a mais, ou seja, foram R$ 2,340 milhões para a campanha do governador e R$ 300 mil para a de Giroto.

Na campanha de 2010, segundo a Justiça Eleitoral, Puccinelli arrecadou R$ 17,8 milhões, mas a Odebrecht não aparece entre os grandes doares. Apesar que mais de R$ 4 milhões entraram via diretório do partido, estratégia que era usada pelos candidatos para ocultar doações de empresas.

No entanto, apesar da delação, até o momento, o ex-governador não foi citado na lista do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, nem do ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal. Como não possuem foro privilegiado, ele, Giroto e Amorim serão investigados pela Polícia Federal e julgados por juiz de primeira instância.

Fachin deve decidir se a investigação ocorrerá em Campo Grande, como é o caso do auditor da receita estadual e lotado no Tribunal de Contas, Fadel Tajher Iunes Júnior, ou em Curitiba, mesma situação do ex-senador Delcídio do Amaral.

Os três já são investigados na Operação Lama Asfáltica, da Polícia Federal, deflagrada em julho de 2015. A investigação até revelou a relação intima entre Puccinelli e Amorim, que emprestava a aeronave conhecida como “cheio de charme” para seus deslocamentos no Estado.