Veja vídeo! Desesperado para voltar a Capital, Name oferece até R$ 600 milhões em propina. Vai vendo!

A situação do empresário Jamil Name, 83 anos, que está preso desde o dia 27 de setembro de 2019 sob a acusação de comandar uma milícia responsável por execuções em Campo Grande (MS), ficou mais complicada. Reportagem publicada pelo site Campo Grande News nesta quarta-feira (24), traz a gravação de audiência por meio de videoconferência realizada no dia 29 de maio deste ano em que ele oferece uma propina de até R$ 600 milhões aos membros do Poder Judiciário.

Em decorrência disso, Jamil Name agora será investigado por esse crime cometido durante a audiência via videoconferência. Na gravação, o octogenário oferece dinheiro para ter decisão favorável ao seu retorno para Campo Grande ou em troca de mandado para tratamento em São Paulo, no Hospital Sírio Libanês, já que ele está preso desde outubro do ano passado no Presídio Federal de Mossoró, no Rio Grande do Norte.

Segundo a reportagem, o vídeo comprovando a fala só ficou disponível agora e, na gravação, Jamil Name pede no minuto 36 para se manifestar ao “doutor”, como chama o juiz Roberto Ferreira Filho, titular da 1ª Vara Criminal de Campo Grande, responsável pelo processo. “Eu preciso conversar com o senhor”, diz. O juiz autoriza e ele continua: “Doutor, o senhor podia fazer um grande favor. É o maior favor que eu já pedi na minha vida”, define. Reclama de estar “bloqueado” em Mossoró há 150 dias, sem falar com o advogado, mesmo com o profissional morando lá e classifica a si mesmo como “todo esculhambado”.

“Tô numa situação triste”, prossegue. “O senhor vê que eu tô falando quase chorando”. Em tom de apelação, pede para o juiz devolvê-lo a Campo Grande. “É duro viu, é duro”, lamenta. “Negociata de malandro” – É aí que vem a fala sobre dinheiro. “Se passar pelo doutor lá de cima, o senhor pode dizer para ele mais uma coisa. Que ele me tirando daqui amanhã, que de 100 a 600 milhões, vão aparecer dentro do juízo dele, de negociata de malandro, o senhor está entendendo, né? Na frase, o valor é repetido. “Na verdade, não, mas tudo bem, está registrado aqui”, afirma Roberto Ferreira Filho.

O depoimento termina com o advogado Tiago Bunning pedindo para Jamil Name esclarecer fala em interrogatório feito por delegados de força-tarefa da Polícia Civil, de que não teria doenças. “Eu não tenho mental, mas tenho crônica”, responde. Conta ter sido operado pelo menos três vezes e estar “todo remendado”.

Outro crime

Em outra audiência por meio de videoconferência, cujo vídeo ainda não está disponível, mas já foi confirmado pelo magistrado e por outras pessoas que estavam presentes, Jamil Name faz ameaças a um policial civil que faz parte das investigações da “Operação Omertà”. Depois de encerrado depoimento de investigador do Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubo a Banco, Assaltos e Sequestros), no fim da sessão, ele profere xingamentos contra o policial e esse processo é por crimes que envolvem justamente tentativa de atrapalhar as investigações, obstruindo a Justiça.

Jamil Name chamou o policial de “vagabundo” e disse que ele “tem de morrer”. O magistrado, ao ser ouvido pelo site Campo Grande News, informou ter advertido o empresário na hora e alertado o representante do MPE (Ministério Público Estadual) para tomar providências. O Gaeco (Grupo de Atuação Especial e Combate ao Crime Organizado), segundo levantou a reportagem, solicitou a gravação para as medidas cabíveis.

Em relação à audiência anterior e a oferta de dinheiro, Roberto Ferreira Filho disse que o MPE também pode adotar providências e que esse fato constará da sentença do processo. Perguntado se sentiu ofendido, o magistrado deu a seguinte resposta:  “ofendido não me senti. Sei que alguém sob pressão às vezes passa da conta. Mas não tinha como deixar passar em branco”. As falas de Name podem ser interpretadas como crimes de corrupção ativa, ameaça e obstrução de justiça.

Os advogados Tiago Bunning e Rene Siufi, enviaram manifestação. “Jamil Name em razão da idade avançada, somado aos diversos problemas de saúde e, principalmente ao brutal isolamento que está submetido em um presídio federal, em regime de RDD e sem contato com familiares e advogados por conta da pandemia, obviamente começa a sofrer redução de seus processos cognitivos assim como a visão da realidade começa a ficar deturpada, isso fica claro em todas as suas declarações”.

O texto prossegue dizendo que, “nestas condições, a defesa teme por sua saúde física e mental” e repete o argumento em defesa da transferência do preso para Campo Grande. “Tudo isso somente comprova a necessidade imediata de sua transferência para que fique próximo da família e de seus advogados, demonstrando também que o mais adequado seria a urgente concessão de uma prisão domiciliar.”