Tretas do Trutis! Deputado torra R$ 14 mil com namorada e paga caro advogados. Uma vergonha!

As tretas do “Tio Trutis”, como é mais conhecido o deputado federal Loester Trutis (PSL/MS), não param de “pipocar” na imprensa de Mato Grosso do Sul. Agora, conforme o site Campo Grande News, o “nobre” parlamentar, eleito com a bandeira da “nova política” – que de “nova” só tem o nome -, emprega a namorada no gabinete com salário de R$ 14 mil.

Ele usa de expediente que gerou investigação contra colega de partido no Rio de Janeiro, em razão dos gastos relevantes com consultoria jurídica, reembolsados pelo dinheiro público. Além disso, os gastos do “Tio Trutis” mostram o reembolso a serviços de “consultoria, pesquisas e trabalhos técnicos”, que consumiram mais da metade da verba de gabinete usada por ele desde quando assumiu, em janeiro de 2019.

Tudo para o mesmo escritório, em Campo Grande (MS). De lá para cá, o reembolso acumulado é de R$ 625.586,94, dos quais R$ 345 mil são para essa modalidade, o equivalente a 55%. Pelo acompanhamento do uso mensal da cota dedicada a cada parlamentar, o escritório mencionado recebeu valores do gabinete de Trutis de maio do ano passado a março deste ano.

O maior gasto foi em dezembro de 2019, R$ 35 mil por uma prestação de serviço. O detalhamento de cada pagamento não explica o que foi feito, apenas traz dados da empresa recebedora e o número da nota fiscal a respeito. No período citado, Tio Trutis emitiu 13 notas fiscais avulsas para justificar as despesas com a consultoria advocatícia.

Para a Câmara, basta isso para o reembolso, segundo apurado, a despeito de existirem consultores legislativos pagos pelo Parlamento. Todos os valores foram para o escritório de advocacia Agnelli & Andrade Advogados, sediado em Campo Grande.  A reportagem tentou falar no telefone fixo e a ligação caiu na caixa de mensagem.

O gasto faz parte da chamada “cota para o Exercício da atividade parlamentar”, verba indenizatória, ou seja, precisa gastar para receber, cujo valor muda a cada estado. Para Mato Grosso do Sul, é de R$ 40.542,84. O valor mensal do benefício deve ser utilizado pelo deputado para custear despesas típicas do exercício do mandato parlamentar, como aluguel de escritório de apoio ao mandato no estado, passagens aéreas, alimentação, aluguel de carro, combustível, entre outras, descreve o site da Câmara.

Procurado pelo site Campo Grande News, o parlamentar respondeu via assessoria de imprensa, a respeito da contratação de consultoria. Pelo texto, ele diz que o serviço é de apoio aos trabalhos desenvolvidos e que é presidente de três frentes parlamentares: do Ecoturismo, Frente Parlamentar Armamentista e Frente Parlamentar de Iniciação Científica.

“Presido vários grupos de amizade entre países como Brasil-Catar, Brasil-República Chega, Brasil-Nova Zelândia e Brasil-Filipinas. O deputado gerencia grupos de até 350 parlamentares, e a consultoria é prestada para os todos os membros”, afirma o texto. A nota afirma ainda que os trabalhos foram interrompidos no período de pandemia “bem como os pagamentos”.

O deputado emprega em seu gabinete a companheira com quem vive em Campo Grande, Raquelle Lisboa Alves. Mesmo após a relação ter se tornado pública, com questionamentos, ela foi mantida na função de secretária parlamentar. O salário dela, em junho, foi de R$ 14.485,18.

Raquelle foi nomeada assessora parlamentar em 22 de fevereiro de 2019 para trabalhar no gabinete em Brasília. Desde então, foi promovida várias vezes e de quebra passou a ter relação afetiva com o deputado, que era casado quando foi empossado. Além disso, a jovem deixou Brasília e passou a morar em Campo Grande, onde pretende seguir carreira política. A ideia é ser candidata à vereadora nas próximas eleições.

O deputado se mudou para a casa da mãe, em Mato Grosso do Sul, e trouxe a assessora, que nas redes sociais já se refere ao Estado como “meu MS”. Antes de assumir a união estável com a nova companheira, Loester fez, inclusive, reforma na futura residência do casal. O salário do deputado é de R$ 33.763,00, somado a da companheira, são quase R$ 50 mil no orçamento do casal em dinheiro público.

Ao manter a companheira em seu gabinete, o deputado comete, para especialistas ouvidos, crime de improbidade administrativa por não observar o interesse público, caracterizando desvio de finalidade e ofensa aos princípios constitucionais da impessoalidade e da moralidade. Em resposta à pergunta sobre o assunto, a justificativa do Tio Trutis foi que: “o deputado declara que, segundo o Código Civil de 2002, ele é solteiro”.

 

Atentado

 Além disso tudo, Tio Trutis também conseguiu no início do ano holofotes para um suposto atentado que está sendo investigado pela Polícia Federal. Na manhã do dia 16 de fevereiro deste ano, ele usou as suas redes sociais para informar aos seus eleitores que teria sido alvo de um suposto atentado a tiros quando transitava pela BR-060, sentido Campo Grande-Sidrolândia, a bordo do seu Toyota Corolla acompanhado por sua equipe política.

Passados quase cinco meses da alegada tentativa de assassinato, a Polícia Federal, que assumiu a investigação do provável crime em razão de a vítima ser um deputado federal e ter foro privilegiado, ainda não tornou pública nenhuma informação a respeito do caso. Será que a pandemia mundial do novo coronavírus (Covid-19) está impedindo os agentes da PF de elucidarem o caso? Ou será que não tem nada para ser elucidado?

A verdade é que o mistério continua e, pelo menos até o momento, a PF ainda não conseguiu encontrar evidência que aponte a autoria do atentado ou, caso tenha encontrado, não divulgou. Porém, nenhuma hipótese é descartada pelos policiais federais responsáveis pelo inquérito já foi prorrogado por duas vezes para desespero ou alívio do Tio Trutis, que, estranhamente, parece que também não está muito preocupado com o desfecho do caso.

A Superintendência Regional de Polícia Federal de Mato Grosso do Sul designou uma equipe exclusiva para o caso, com um delegado e três agentes, sendo que o trabalho de perícia figura entre os prioritários. As diligências são conduzidas pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e o trabalho de investigação corre em sigilo.

No entanto, conforme apurou o Blog do Nélio, a apuração ainda não conseguiu indícios suficientes para identificar o autor do atentado contra o “nobre” parlamentar. As investigações esbarram na falta de testemunhas e a dificuldade de se apontar possíveis autores por meio dos elementos analisados pela perícia, afinal, o “atentado” aconteceu no meio do nada e as únicas testemunhas são as vítimas, ou seja, Tio Trutis e o seu motorista.

O deputado federal apontou, na época, que teria sido alvo de uma emboscada armada pelas organizações criminosas que atuam em Mato Grosso do Sul. Entretanto, a PF estaria também procurando relação do crime com possíveis adversários ou pessoas com quem Tio Trutis tivesse algum tipo de desavença.