Tretas do Trutis: deputado tem 2ª liminar negada pelo STF contra investigação por falso atentado

O inferno astral do deputado federal Loester Trutis (PSL/MS), mais conhecido como “Tio Trutis”, continua neste início de 2021. O “nobre” parlamentar teve, na última quarta-feira (06), negado pelo presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Luiz Fux, pedido em caráter liminar para trancar as investigações abertas pela Polícia Federal sobre a prisão por porte ilegal de arma de fogo de usa restrito, falsa acusação de atentado e disparo de arma de fogo em via pública.

A defesa de Tio Trutis ingressou com dois habeas corpus idênticos durante o recesso judiciário, ainda em dezembro de 2020, sendo que ambos acusavam agentes federais de produzirem provas ilícitas. Além disso, pleiteavam, além do trancamento dos inquéritos na Polícia Federal e no STF, também a suspensão destes enquanto os habeas corpus não fossem julgados. Caso contrário, o parlamentar pediu o trancamento parcial, a fim de evitar indiciamentos por comunicação falsa de crime e dano.

O ministro Luiz Fux já havia despachado sobre o primeiro habeas corpus no dia 30 de dezembro, quando entendeu não haver urgência no pedido e determinou a devolução ao gabinete do ministro Dias Toffoli, relator dos recursos. Agora, o presidente do STF foi além e declara que, “inexistindo probabilidade do direito alegado”, o pedido no segundo habeas corpus “não comporta deferimento da liminar”, encaminhando novamente o processo a Dias Toffoli.

Os recursos ao STF dão prosseguimento à nova linha adotada por Trutis de atacar o trabalho investigativo da Polícia Federal. O deputado federal já tinha disparado contra a instituição em novembro do ano passado, em pedido à ministra Rosa Weber para ter acesso aos documentos da investigação contra ele. Na ocasião, ele disse que o inquérito de 685 páginas era “frágil”.

O “nobre” parlamentar também sugeriu que os investigadores manobraram e direcionaram a apuração para forjar sua culpa e de seu ex-assessor, Ciro Nogueira Fidelis, que estaria com Trutis no momento do suposto ataque à tiros. As investigações da Polícia Federal se voltaram contra o próprio parlamentar a partir de trabalhos periciais.

Laudos balísticos, de exame de local e informações de georreferenciamento entraram em rota de colisão com o que alegava o deputado e seu assessor. Assim, a PF concluiu que o atentado foi simulado por Trutis, de olho em dividendos políticos e eleitorais. O parlamentar é um entusiasta voraz da flexibilização do Estatuto do Desarmamento.

A polícia identificou que ele sequer foi seguido no dia do suposto ataque à tiros. Além disso, a descrição dada pelo deputado federal sobre o veículo supostamente envolvido no atentado contra ele levou os investigadores a uma caminhonete “antiga e deteriorada, que certamente não teria condições mecânicas razoáveis para ser utilizada em um atentado em face de alguém que estava embarcado em um potente Toyota Corolla”, conforme descreve o inquérito.

Com base no trabalho da PF, a ministra Rosa Weber deferiu os pedidos para busca e apreensão contra Trutis, seu irmão, Alberto Carlos Gomes de Souza, Fidelis e Jovani Batista da Silva, ligado a um grupo chamado “Movimento Conservador de Mato Grosso do Sul”. Para ela, as provas obtidas no âmbito da investigação podem implicar Loester Trutis nos crimes de porte ilegal de arma de fogo de uso permitido, disparo de arma de fogo, dano e comunicação falsa de crime. O deputado chegou a ser preso durante o cumprimento dos mandados, pois portava um fuzil de uso restrito. Com informações do site Midiamax