Três meses preso e governo brasileiro não interfere e abandona Ronaldinho na prisão

O ex-jogador brasileiro Ronaldinho Gaúcho e o seu irmão, Roberto Assis, estão presos há mais de 90 dias no Paraguai por estarem com documentos falsos. Apesar de estarem em uma “gaiola de ouro”, já que estão no luxuoso Hotel Palmaroga, em Assunção, capital do Paraguai, a pandemia fez com eles sejam os únicos hóspedes do hotel cinco estrelas, além dos policiais que estão para impedir eventual fugas.

A desmoralização, de ter sido pego com passaporte falsificado paraguaio, trava qualquer ação do governo Bolsonaro. O ministro da Justiça, André Mendonça, não se manifestou e nem se manifestará a favor do pentacampeão mundial com a Seleção Brasileira. O motivo é simples: não há certeza em Brasília se Ronaldinho Gaúcho e Assis são inocentes.

Os passaportes falsos com que entraram no Paraguai são provas pesadas. Assim como a desconfiança das autoridades do país vizinho que os dois fariam parte de um esquema de empresas de fachada para lavar dinheiro. O ex-ministro Sérgio Moro, assim que Ronaldinho foi preso, telefonou para autoridades paraguaias para saber como ele estava. Teve a confirmação que não corriam perigo, estavam bem instalados.

Mas teriam de seguir detidos, em prisão temporária, por conta dos passaportes falsos, que poderiam indicar um esquema de lavagem de dinheiro com a empresária Dalia López, que levou os dois e ainda arrumou os passaportes. Ela segue foragida da Justiça paraguaia, enquanto o empresário Nelson Belotti, dono do cassino Il Palazzo, em Assunção, também estava por trás do convite da dupla.

Moro percebeu que não havia como apoiar publicamente o ex-jogador por não saber se ele era inocente. Caso fosse culpado seria uma desmoralização para o governo Bolsonaro. Para Moro, particularmente. Desde então esse é o caminho do governo brasileiro, aceitar a autonomia do Paraguai. Pelas leis do país vizinho, qualquer suspeito pode ter declarada a prisão preventiva por seis meses.

Ronaldinho e Assis acreditavam que fosse uma questão de dias. O advogado gaúcho Sérgio Queiroz, que representa a dupla desde a prisão, só conseguiu uma vitória na justiça paraguaia. Depois de 32 dias na Agrupación Especializada, prisão improvisada em um quartel, os dois conseguiram ir para a “gaiola de ouro”, o hotel Palmaroga. A fiança foi de R$ 8 milhões.

A diária para duas pessoas no Palmaroga, com todas as refeições incluídas, é de R$ 2.000,00. Isso porque ocupam a suíte presidencial. Os celulares dos dois foram retidos pela justiça paraguaia. E rastreados. O resultado da investigação ainda não foi divulgado. Queiroz contratou um caríssimo escritório paraguaio, do advogado Adolfo Marín para ajudá-lo na defesa dos irmãos.

Já foram feitos quatro pedidos para que paguem uma multa pelos passaportes falsos e sejam liberados para voltarem ao Brasil, mas a Justiça paraguaia negou. Depois, pela pandemia, ficou um mês só cuidando dos casos graves. Por cerca de 30 dias, casos como o de Ronaldinho Gaúcho não foram analisados.

Queiroz e Marín protocolaram dois novos recursos pedindo a liberação imediata dos dois para o Brasil. De acordo com o advogado brasileiro, em dez dias, a justiça paraguaia dará a resposta. Enquanto isso, duas pessoas envolvidas na falsificação dos passaportes garantiram que o ministro do Interior do Paraguai, Euclides Acevedo, sabia dos documentos adulterados. Dois dias antes da chegada dos dois em Assunção.

A prisão de Ronaldinho Gaúcho segue como trunfo do presidente Mario Abdo Benítez. Ele chegou a ser acusado de corrupção. E escapou de um processo de impeachment. A firmeza que autorizou a justiça paraguaia a deter um jogador midiático, mundialmente conhecido, fez muito bem para sua imagem. Enquanto isso, Ronaldinho Gaúcho segue preso na sua “gaiola de ouro”.

Circulando pelo hotel, com acesso a telefone e computador. Por isso entrou até em live do grupo de pagode “Menos é Mais” e também do grupo “Revelação”. A repercussão foi péssima no Paraguai, desmoralizou a detenção domiciliar e o resultado foi que ele sumiu das lives. A situação de Ronaldinho e Assim é constrangedora e, apesar de ser embaixador do Turismo do Brasil, ele não conta com o apoio do governo.